Mapa de investimentos privados apresentado pelo Ministério da Agricultura.| Foto:

O plano de escoamento da safra de 202 milhões de toneladas de grãos, apresentado ontem pelo governo federal em Brasília, não tem nenhuma ação concreta na Região Sul, responsável por 35,5% da produção nacional. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná só devem ser beneficiados se suas estradas e portos ficarem menos sobrecarregados (embora os estados queiram o oposto: produzir e exportar cada vez mais, com estrutura reforçada).

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As ações prioritárias foram listadas ontem (13/01) como medidas estratégicas pelos ministros dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, Rodrigues; da Agricultura, Kátia Abreu, Abreu; e pelo titular da Secretaria de Portos, Edinho Araújo. Eles lembraram  que o país está ampliando a produção – só na colheita de soja são esperadas 9 milhões de toneladas extras – e defenderam que a saída é melhorar o escoamento pelas hidrovias e portos do Arco Norte.

Mapa de investimentos privados apresentado pelo Ministério da Agricultura. 
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Os números da Secretaria de Comércio Exterior mostram que a maior parte da safra não é exportada pelo Arco Norte. Depende de rodovias e portos sobrecarregados instalados no Centro-Sul.

Em 2014, o Arco Norte exportou 12,5 milhões de toneladas de soja em grão, farelo e milho, o que representa 16% do volume total embarcado pelo Brasil. O Centro-Sul, que abrange, além de Santos, os portos de Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande, exportou 84%, ou 67,6 milhões de toneladas de granéis.

A reportagem entrou em contato com os ministérios dos Transportes e da Agricultura em busca de informações sobre medidas direcionadas à Região Sul. Os assessores confirmaram que o plano divulgado ontem têm foco no Arco Norte e que, se técnicos ou ministros fossem falar sobre o Sul, dariam retorno imediato.

O local mais próximo do Sul que o plano de escoamento abrange é a Hidrovia Tietê-Paraná, no território paulista. O ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, disse os governos federal e de São Paulo investirão R$ 2,1 bilhões em melhorias na hidrovia, rebaixada pela seca.“Estamos acabando de finalizar essa parceria, que tem de ser depois da chuva e começa no início do segundo semestre de 2015”, disse. O Porto de Santos (SP) deve ter melhoria no sistema que agenda a chegada de caminhões de grãos.

Outra ação é a retomada do asfaltamento da BR-163 no trecho que liga Mato Grosso aos portos fluviais do Pará. Hoje, 136 quilômetros estariam sem pavimentação, segundo Rodrigues. Os produtores de grãos da região dizem que há perto de 200 quilômetros sem asfalto. A conclusão da obra vem sendo adiada todo ano e, agora, tem entrega prevista para 2016.

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Além dos portos que vêm recebendo investimentos privados nos rios Madeira, Amazonas e Tapajós, o Arco Norte inclui os portos do Amapá e do Maranhão. O novo Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), em São Luís, poderá exportar até 10 milhões de toneladas já a partir desta safra, segundo o governo federal.