Primeiro carregamento a usar a nova estrutura foi realizado na última semana com navio que segue para a China.| Foto:

O agronegócio brasileiro ganha novo impulso exportador a partir desta safra graças à conquista de um reforço de peso na logística portuária. Com o início das operações do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, em São Luís, o mercado projeta benefícios em toda a cadeia produtiva. O otimismo é baseado na estimativa de que a estrutura movimente 10 milhões de toneladas de grãos em menos de uma década -- mais que o dobro das 3,7 milhões de toneladas exportadas em 2014.

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A Expedição Safra Gazeta do Povo acompanhou o primeiro carregamento do novo terminal, e conferiu com operadores e usuários o potencial da estrutura para os próximos anos. O projeto foi viabilizado por seis empresas e custou R$ 600 milhões. Foram construídos quatro armazéns (com capacidade total de 500 mil toneladas), além de esteiras para carregamento de 2,5 mil toneladas de grãos por hora, um shiploader e um ramal ferroviário para viabilizar a chegada de cargas por trem.

Com prioridade de embarque no berço 103 do porto de Itaqui, a meta consórcio responsável pelo projeto é exportar 2 milhões de toneladas de grãos ainda em 2015. A operação deve ganhar ritmo a partir de maio, quando as obras do ramal ferroviário ficam prontas. Em até quatro anos, a meta é escoar 5 milhões de toneladas anuais. Depois disso, serão realizadas obras complementares para a utilização de mais um berço (100), chegando as 10 milhões de toneladas embarcadas por ano.

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Além de garantir alívio aos portos do Sul do Brasil, o novo terminal deve estimular a expansão agrícola no Centro-Norte do Brasil. A grande aposta está no uso das ferrovias. “No auge das operações o trem deve responder por 70% a 80% do recebimento de cargas no Tegram. Isso vai ajudar o agricultor a ganhar escala, ficando menos dependente do mercado interno”, estima o porta-voz do projeto, Luiz Claudio Santos.

A possibilidade de aumento na demanda por grãos já motiva o campo. “Indiretamente o Tegram será bom para os produtores, que poderão negociar um volume maior da produção”, comenta o agricultor Vanderlei Ferrari, que vê os trilhos da ferrovia Norte-Sul passarem dentro da sua propriedade em Guaraí (TO).

Próximo dali, em Pedro Afonso (TO) a Cooperativa Agroindustrial do Tocantins (Coapa) também projeta expansão. “Na última safra movimentamos 100 mil toneladas de soja, mas poderia ter sido mais se a logística ajudasse”, revela o agrônomo Fernando Coelho. As cargas da região são direcionadas por caminhão a um terminal de transbordo em Palmeirante (TO), a 200 quilômetros, para depois avançar mais mil quilômetros por trem até São Luís. “Com o Tegram também podemos produzir mais milho, que hoje briga por espaço nos armazéns com a soja”, complementa.

Ajustes

Apesar das projeções favoráveis para o novo projeto, o mercado ainda faz uma análise conservadora, prevendo fluxo de um milhão de toneladas neste ano. “Capacidade de operação é fundamental, mas para que todo o potencial seja atingido é preciso conquistar o mercado”, avalia Fabiano Penha Alves, operador marítimo da Alphamar, de São Luis.

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Um dos principais desafios está na logística para envio das cargas ao porto. Os próprios sócios do Tegram admitem que a necessidade de ajustes. Nos próximos cinco anos o consórcio planeja fazer investimentos complementares de até R$ 400 milhões em armazéns e terminais de transbordo próximos às regiões de produção. ”A estrutura rodoviária também enfrenta problemas como congestionamentos nas estradas, e por isso estamos concentrando as apostas no trem”, acrescenta Santos.

2 milhõesde toneladas de grãos podem ser embarcadas pela nova estrutura ainda em 2015. Mercado faz ponderação logística e prevê carregamento de 1 milhão de t.

R$ 600 milhõesforam investidos pelo consórcio de empresas que construiu o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram). Grupo espera resposta do setor para traçar obras complementares.

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