Após semanas de ameaças, a partir desta segunda-feira (2) a China começa a impor novas tarifas sobre 128 produtos dos Estados Unidos. A decisão do Ministério de Finanças da China aconteceu após entrarem em vigor tarifas de Washington contra o aço e alumínio estrangeiro, de 25% e 10%, respectivamente, no último dia 23 de março.
A Comissão de Tarifas Aduaneiras da China vai impor uma tarifa de importação de 25% sobre oito produtos, incluindo carne suína. Foi anunciada também uma tarifa de 15% sobre a importação de 120 commodities, incluindo frutas.
O ministério chinês divulgou um comunicado alegando que as medidas dos EUA violaram regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e não cumprem os requisitos para serem classificadas como “exceções de segurança”.
A alegação é que eram seriam medidas protecionistas, causando danos aos negócios chineses. As tarifas impostas chegaram a US$ 60 bilhões em bens e limitaram a capacidade dos empreendedores do país asiático a investirem nos Estados Unidos. A nota relata ainda que as novas tarifas impostas pela China são legítimas e têm como objetivo defender seus interesses.
Outro lado
O presidente Donald Trump, por sua vez, acusa que as práticas comerciais de empresas da China violaram a propriedade intelectual de empresas norte-americanas e provocaram o fechamento de 60 mil fábricas e a perda de 6 milhões de empregos. As práticas chinesas estariam colocando as empresas americanas em desvantagem, alega o presidente.
Trump argumenta a diferença entre a balança comercial dos países precisa diminuir drasticamente. Em 2017, a China exportou US$ 505 bilhões em bens para os Estados Unidos. No sentido inverso, foram US$ 135 bilhões em exportações norte-americanas em direção à China.
Prejuízo à suinocultura
Um grande problema é que uma das principais bases eleitorais de Donald Trump é da agricultura, uma das principais prejudicadas com a Guerra Comercial. Elas destacam estar em meio ao fogo cruzado, tanto em relação às exportações para a China quanto para os negócios com o México.
O Conselho Nacional dos Produtores de Suínos destacam as exportações de US$ 1,1 bilhão para o ‘Tigre Asiático’ no ano passado, colocando o país como o terceiro maior comprador do setor. Ao todo, foram 309 mil toneladas exportadas.
Mas não são apenas os produtores norte-americanos que devem sair perdendo. Empresários e investidores chineses também devem ser prejudicados com a guerra comercial. A WH Group domina as exportações de carne suína para a China e tem a sua sede administrativa em Hong Kong.