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Grupo Diplomata

Após retomar empresa bilionária, deputado do Paraná e equipe acusam gestão judicial de fraudes

O deputado federal Alfredo Kaefer perdeu o comando do Grupo Diplomata em 2014. Em abril de 2017, o STF decretou que a falência emitida pela Justiça de Cascavel não poderia ter sido determinada. | ARQUIVO/GAZETA DO POVO
O deputado federal Alfredo Kaefer perdeu o comando do Grupo Diplomata em 2014. Em abril de 2017, o STF decretou que a falência emitida pela Justiça de Cascavel não poderia ter sido determinada. (Foto: ARQUIVO/GAZETA DO POVO)

Após retomar o comando do Grupo Diplomata, que inclui um dos maiores frigoríficos de aves do Brasil, em abril, o deputado federal Alfredo Kaefer e sua equipe partiram para o contragolpe. A empresa com sede em Cascavel (PR) afirma ter descoberto indícios de boletos fraudados e ‘rescisões [contratuais de trabalho] absurdas’.

As irregularidades teriam sido praticadas na gestão judicial realizada entre 2014 e 2017. Para o relator do recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Luis Felipe Salomão, a falência não poderia ter sido determinada sem o aval dos credores das empresas.

Indicado por Kaefer para falar com a reportagem, o advogado da empresa Laerciun Wrudel afirma que a primeira providência foi contatar o gestor judicial, César Scherer. A empresa esperava maior empenho de Scherer no afastamento do contador responsável por lançamentos à época, Clemente Ferrari.

“O César demonstrou que não sabia, mas também não teve atitude. Ele foi blindado pelo juiz Isso é um crime de gestão penal pública”, afirma. Wrudel critica a postura da 1ª vara de Cascavel e alega que a Diplomata vem sofrendo tratamento discriminatório.

“Verificamos fraudes logo na primeira semana [que Kaefer reassumiu a empresa]. Eram realizados pagamentos de tributos em boleto bancário, o que é um absurdo, uma grosseria”, completa o jurista.

Perícia

O advogado alega que, ao descobrir tais boletos, a empresa responsável pela administração judicial - Capital Administradora Judicial - foi acionada e confirmou as irregularidades. Tanto a administradora, responsável por acompanhar processos de recuperação de falência, quanto o gestor judicial, responsável por gerir a atividade, são nomeados pelo juiz e têm atividades independentes.

Um laudo preliminar impetrado pela Capital Administradora Judicial nesta quinta-feira (3), ao qual a Gazeta do Povo obteve acesso com exclusividade, destaca a presença de 215 lançamentos contábeis para a quitação de taxas como ICMS e do corpo de bombeiros. “Porém, os pagamentos que deveriam ser realizados via guia de recolhimento eram mediante boletos bancários cujos beneficiários e o pagador foram alterados”, destaca laudo enviado à Justiça.

“O que acabamos de ingressar foi uma ação judicial para produção de provas. O propósito dessa ação judicial é identificar outras fraudes e quem são os responsáveis e envolvidos”, afirma um dos contatos da Capital Administradora que preferiu não ser identificado.

R$ 1 milhão

A fonte informa que as pessoas envolvidas fraudavam os pagamentos de tributos para realizar o pagamento de despesas pessoais. “Nesse laudo pericial destacamos quais são os boletos, o que gira em torno de um total de R$ 930 mil em pagamentos irregulares”, afirma.

Wrudel acrescenta que com os valores nominais e a inserção de juros, esse valor deve passar de R$ 1 milhão. “Como era uma execução provisória, estava sob a responsabilidade do Ministério Público, que é quem tem que ressarcir”, destaca.

De acordo com o laudo da Capital Administradora, os lançamentos contáveis deveriam ser assinados em conjunto pelo gestor judicial, pelo diretor executivo da empresa durante o período de recuperação judicial, Othmar Rempel, e pelo contador da companhia, Clemente Ferrari.

Pagamentos

Há cem lançamentos apenas com a assinatura do contador, ou seja, não autorizados pelo gestor judicial ou pelo diretor executivo, que somam R$ 326.708,14. Há ainda outros cem lançamentos autorizados por Othmar Rempel, que totalizam o valor de R$ 519.142,68. Ambos os valores constam no laudo entregue à justiça, além de outros assinados por César Scherer e pela atual administradora e representante legal das empresas do grupo Diplomata, Clarice Romam.

A Capital Administradora informa ainda que há admissão da autoria dos fatos por parte de Clemente Ferrari Júnior. Ferrari e Rempel trabalhavam antes mesmo da investigação atual na Diplomata, explica Wrudel.

O advogado diz que Ferrari, antes auxiliar de contabilidade, foi nomeado como contador pelo juiz que decretou a recuperação judicial, e o contador da época foi afastado. Já Rempel atuava na diretoria da empresa, mas teria passado a ter privilégios depois da decisão judicial que ocasionou a perda da empresa de Kaefer.

Contatado pela reportagem, Othmar Rempel preferiu não se manifestar. Por enquanto, a Gazeta do Povo não conseguiu contato com César Scherer e Clemente Ferrari Júnior.

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