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Às vésperas do relatório do USDA, analistas fazem suas apostas

Analistas acreditam em aumento da área de milho em cima de áreas de trigo | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Analistas acreditam em aumento da área de milho em cima de áreas de trigo (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

À espera dos relatórios que serão divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na quinta-feira (31) – o primeiro relatório oficial da intenção de plantio nos EUA para a safra 2016/17 e também os dados dos estoques trimestrais, produtores, traders e consultorias fazem suas apostas em relação aos números. Já se tem como certo o aumento na área de milho norte-americana, mas as dúvidas pairam sobre qual será o destino da oleaginosa.

“O mercado internacional de commodities não está tão agitado à espera dos números como de costume. A não ser que venha uma grande surpresa. O que pode fazer uma grande diferença é o clima para o início de safra. Aí sim o mercado vai ficar bastante volátil”, afirma o analista de mercado da Cerealpar, Steve Cachia, que acredita em um leve aumento de área tanto para milho quanto para soja.

De acordo com o analista do portal Farm Futures, Bob Burgdorfer, uma pesquisa realizada com quase dois mil produtores mostrou maior intenção de aumentar a área plantada com milho em comparação com a safra passada e reduzir a área cultivada com soja nos EUA. A expectativa é que os produtores plantem 36,4 milhões de hectares de milho, uma área 2,3% maior do que a da safra 2015/16, quando foram semeados 35,6 milhões de hectares, com destaque para maiores aumentos em Illinois e Indiana. Na temporada passada, esses estados tiveram problemas nas lavouras por causa do clima adverso. O número vem em linha com os 36,4 milhões de hectares divulgados pelo USDA no final de fevereiro durante o Agricultural Outlook Forum.

Para a soja, a pesquisa americana mostrou uma intenção de plantio de 33,3 milhões de hectares, área 0,5% menor do que os 33,5 milhões semeados na safra passada e abaixo dos 33,4 milhões de hectares estimados pelo USDA em fevereiro. No entanto, alguns especialistas em mercado acreditam que a área de soja pode ter um ligeiro aumento de área. Conforme projeção da consultoria americana Zaner Ag Hedge, a área de soja pode chegar a 33,8 milhões de hectares. O trigo, por sua vez, deve ser semeado em 20,9 milhões de hectares. No ano passado, o plantio de trigo totalizou 22,1 milhões de hectares.

“Mesmo com a relação de preços entre soja e milho um pouco mais equilibrada, após dois anos registrando redução na área plantada com cereal, o mercado norte-americano vai dar preferência para o milho. Mas o incremento da área deve vir do trigo e não de uma redução na soja”, explica o analista de mercado Flávio França.

Cachia acredita, no entanto, que os produtores devem ter a soja como preferência, já que os preços, apesar de pressionados para as duas commodities, ainda favorecem a oleaginosa. “Em anos de preços mais baixos, o produtor vai olha a rentabilidade. A diferença do produtor norte-americano é que eles têm condições de mudar rapidamente uma pequena porcentagem de área entre soja e milho. Então surpresas não estão descartadas”, explica.

Mas segundo França, mesmo com os baixos preços praticados no mercado internacional, tanto na soja quanto no milho, e a renda agrícola cada vez menor diante dos altos custos de produção, os produtores não se sentem desestimulados, já que contam com políticas de proteção de renda. Segundo dados do USDA, a renda agrícola norte-americana deve cair 3% este ano, após quedas consideráveis de 38% em 2015 e 27% em 2014.

Estoques

A baixa rentabilidade dos grãos nos EUA reduziu o consumo e desestimulou as vendas, impactando diretamente nos estoques em 2016, especialmente do cereal. A expectativa é que do início do ano até 1º de março, os estoques estejam em 198,7 milhões de toneladas, pouco acima dos 196,86 milhões do ano passado. O volume em estoque é o maior desde 1987 e o segundo maior da série histórica do USDA, que começou nos anos 20.

Para a soja, o volume em estoque também é alto, chegando a 42,70 milhões de toneladas, acima do montante do ano passado, quando os estoques eram de 33,67 milhões de toneladas, e também o mais alto desde 2006/07. As projeções para os estoques de trigo apontam um volume de 36,9 milhões de toneladas, acima dos 31 milhões de toneladas de março do ano passado.

Segundo alguns analistas, embora os números divulgados pelo relatório de estoques trimestrais possam ter potencial para movimentar o mercado, já que indicam o ritmo de consumo dos EUA, os olhos estão mesmo voltados para a intenção de plantio dos produtores norte-americanos, especialmente em decorrência dos atuais preços de commodities como milho, soja, trigo e algodão.

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