Fórum Econômico Mundial, em Davos, tem grande atenção aos novos posicionamentos do governo brasileiro| Foto: Alan Santos/PR

Líderes de entidades e associações do agronegócio brasileiro afirmaram esperar uma “agenda positiva” sobre o setor, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, entre outros chefes de Estado. O setor espera, entre outros destaques, o reforço da mensagem de respeito ao meio ambiente e a segurança jurídica e a ênfase para as oportunidades de investimentos no Brasil.

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A abertura aos mercados internacionais e a disposição de implementar reformas também foram citadas pelos representantes do agronegócio.

Na avaliação do diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, é preciso ter um “discurso alinhado” com as promessas de campanha política. “Os investidores vão olhar para a disposição desse novo governo de fazer as coisas acontecerem do jeito que se falou que iriam acontecer. O Fórum de Davos pode servir para solidificarmos alguns conceitos sobre os produtos do agronegócio brasileiro”, diz, ressaltando a sustentabilidade. “Precisamos mostrar, com dados e fatos, o que é feito na agricultura brasileira.”

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A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) espera que missão brasileira em Davos demonstre credibilidade e disposição de adotar medidas necessárias para o crescimento da economia, como a reforma da Previdência e a tributária. “O empresário (estrangeiro) vai perceber que o recurso pode vir para o Brasil porque vai voltar. Faltava credibilidade, por isso, creio que o discurso precisa passar confiança”, disse Bartolomeu Braz, presidente da entidade. Para ele, é fundamental apresentar o País como “confiável” e com grandes oportunidades para investidores.

O presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira, adota o mesmo tom. Ele considera que é fundamental mostrar as boas ações do campo nacional no evento, que receberá 3.500 representantes da elite econômica global. “Temos uma política ambiental avançada, uma produção bem-feita, com bom impacto ambiental e social. Além disso, podemos mais que dobrar a produção de alimentos na área atualmente ocupada”, destaca.

Agenda positiva

Diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos comenta que espera uma “agenda positiva” do agronegócio. “O Brasil trabalhou muito para chegar onde chegou na produção de alimentos.”

Para Matos, é fundamental apresentar as boas práticas de sustentabilidade, a capacidade de organização das diversas cadeias produtivas e a eficiência e eficácia da produção brasileira. “Chegamos a um ponto muito elevado de competência e isso precisa ser mostrado”, disse. “Espero uma postura de responsabilidade, de levar o compromisso da sustentabilidade e mostrar que há disposição para fazer o dever de casa, que são as reformas estruturantes.”

Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), também é preciso dar destaque ao meio ambiente e à aplicação das leis. “O governo precisa estar preparado para reafirmar nosso compromisso com as questões ambientais e responder observações a respeito da futura política brasileira”, afirma, citando a possibilidade de saída do Acordo de Paris, levantada durante a campanha e negada este mês pelo ministro do Meio Ambiente após repercutir negativamente no setor.

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Barbosa acredita que o discurso dará ênfase para temas como desburocratização, simplificação tributária, equilíbrio fiscal e melhoria do ambiente de negócios, bandeiras do ministro da Economia, Paulo Guedes, um dos presentes na delegação nacional, ao lado do ministro Sérgio Moro, da Justiça.

Para Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a expectativa é de que sejam sinalizadas as estratégias da retomada do crescimento econômico. “Aguardamos definições a respeito da abertura comercial e das metas de ampliação dos nossos negócios com o mundo, já que o agronegócio é um dos principais setores na formação do PIB e protagonista quando se trata de superávit na balança comercial nacional e de redução da taxa de inflação”, avalia.

Freitas espera, ainda, que a internacionalização dos negócios seja uma das pautas. “Estamos seguros de que o apoio ao comércio exterior de cooperativas é capaz de trazer benefícios em grande escala ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil.”

Inovações

Para Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o fórum terá “impacto grande” na promoção de novas práticas na agricultura, na indústria e em outros mercados. Segundo ela, as discussões sobre sustentabilidade e segurança alimentar serão decisivas para o Brasil. “Nossa expectativa é enorme até por toda atenção que estão dando ao Bolsonaro. É uma oportunidade única para mostrar novos padrões técnicos e inovações que têm aumentado a produtividade sem aumentar áreas produtivas.”

Ela cita também a necessidade de o País ter mais acordos para inserir produtos agropecuários em novos mercados, com mais facilidade. “Concorrentes como Estados Unidos e Austrália têm acordos que não temos, principalmente com os mercados asiáticos. O Brasil ainda está isolado, paga tarifas maiores. Essa discussão, de abertura, é muito importante e coincide com o discurso da equipe do presidente”, conclui.

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