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Brasil veta leite de vizinho sul-americano por suspeita de fraude

Existe a suspeita de que os uruguaios estejam comprando leite mais barato da Nova Zelândia e da Austrália, grandes produtores internacionais, e revendendo para o Brasil. | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Existe a suspeita de que os uruguaios estejam comprando leite mais barato da Nova Zelândia e da Austrália, grandes produtores internacionais, e revendendo para o Brasil. (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo)

O Brasil irá vetar as importações de leite vindo do Uruguai, afirmou nesta terça-feira (10) o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Além de aspectos de mercado, um dos motivos para a medida é a suspeita de fraude comercial na origem do produto uruguaio.

A suspensão é por tempo indeterminado e vem num momento em que muitos produtores se queixam do desequilíbrio de preços na produção nacional.

O anúncio foi feito após reunião entre representantes do setor e membros da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). “Há um descontentamento geral do setor com a quantidade de leite importado do Uruguai. A decisão é, então, uma necessidade do mercado nacional e serve para dar fôlego ao setor de leite no Brasil”, defendeu Blairo Maggi.

O ministro afirmou que a decisão continuará até que o Uruguai comprove que a origem do leite exportado é 100% uruguaia. De acordo com a assessoria de imprensa do ministério da agricultura, existe a suspeita de que os uruguaios estejam comprando leite mais barato da Nova Zelândia e da Austrália, grandes produtores internacionais, e revendendo para o Brasil.

Segundo a Frente Parlamentar, esse tipo de triangulação pode ser considerado um tipo de fraude comercial. A medida passa a valer após a publicação no Diário Oficial da União (DOU), o que ainda não tem prazo definido para ocorrer.

“Já defendi, inclusive em várias reuniões com o setor e governo, de negociar cotas de exportação do produto com o Uruguai, assim como já é feito com a Argentina, e de retirar o leite do Mercosul. Estamos trabalhando para adotar outras medidas emergenciais”, disse Maggi.

Para o presidente da FPA, o deputado federal Nilson Leitão (PSDB/MT), a decisão provoca o debate comercial e incentiva o mercado interno a reagir. “Não é um assunto fácil. Nós compramos leite do Uruguai, mas também vendemos outros produtos. Não é encerrar um mercado como esse. A decisão do ministro é necessária nesse momento para o mercado interno mostrar se realmente tem capacidade de suprir essa necessidade”, destacou.

Para o presidente do Sindilat, que representou as indústrias do Rio Grande do Sul, Alexandre Guerra, o setor vem enfrentando concorrência desleal no mercado. “É uma ação concreta e importante. É o que estávamos esperando do governo para poder apurar os fatos. A medida é para saber a origem, para saber se estão cumprindo o acordo do Mercosul”, pontuou.

Mercado

Segundo dados do IBGE, o Brasil tem hoje mais de um milhão de produtores de leite, na sua maioria agricultores familiares. Ao todo, a cadeia leiteira gera cerca de 4 milhões de empregos. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) apontam que o país comprou 86% da produção de leite uruguaio em pó desnatado e 72% do integral em 2017. Somente no primeiro semestre, foram importadas 41,8 mil toneladas de leite em pó. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as exportações de leite em pó representam 25% de tudo que o Uruguai vende ao Brasil.

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