Em assembleia, funcionários da unidade de abate e processamento de frangos da BRF em Chapecó (SC) aprovaram nesta terça-feira o pedido da companhia para suspensão dos contratos de trabalho por 5 meses, a partir de 29 de agosto, como forma de ajustar os estoques à crise provocada pelo fechamento do acesso ao mercado europeu. Os abates, no entanto, serão suspensos já a partir de 30 de julho, quando os trabalhadores entram em período de férias coletivas.
Com a medida, que envolve 1400 trabalhadores, o abate de frangos em Chapecó só deve ser retomado em fevereiro de 2019. A unidade abatia 230 mil aves por dia. Em nota, a BRF, que emprega mais de 100 mil pessoas no País, informou que a unidade seguirá em funcionamento e deverá “voltar a operar normalmente após este período”. “Os investimentos destinados a melhorias locais serão mantidos e os termos contratuais vigentes serão honrados junto aos atuais integrados”, disse a empresa.
Em abril deste ano, a União Europeia proibiu a importação de carne de frango e derivados de 20 unidades de frigoríficos do Brasil, dos quais 12 pertencem à BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. A alegação foi de “deficiências detectadas no sistema brasileiro oficial de controle sanitário”, após ser detectada a presença de salmonela em cargas de frango in natura. Tanto o governo brasileiro, que ameaça abrir uma reclamação formal contra a União Europeia na Organização Mundial do Comércio, quanto a BRF, alegam que o embargo tem motivações políticas e de proteção ao mercado local.
“A BRF foi a mais afetada pelo embargo europeu, porque era quem mais exportava para lá”, afirma Ricardo Gouvêa, diretor da Associação Catarinense de Avicultura (Acav). Segundo ele, a empresa vinha tentando o redirecionamento dos embarques para a Ásia e a África, mas isso “não acontece da noite para o dia”. Na avaliação de Gouvêa, apesar das particularidades vividas pela BRF, a greve dos caminhoneiros fez com que o mercado interno ajustasse o número de alojamentos e, no momento, “não está mais sobrando frango no mercado”.
Durante o período de lay-off, que virá após férias coletivas na unidade de Chapecó, os trabalhadores permanecerão com plano de saúde e vale-transporte, e vão receber uma bolsa-auxílio no valor de 80% do salário, paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Em caso de demissão após três meses do fim da suspensão dos contratos, a empresa pagará multa adicional de 100% do salário nominal, além da multa rescisória normal.
O sindicato da categoria negociou ainda o fornecimento de um kit mensal de produtos da BRF no valor de R$ 60,00 e R$ 50,00 como vale-alimentação, além de outros R$ 40,00 de ajuda de custos, sem natureza salarial. Os trabalhadores atingidos pela suspensão dos contratos devem participar de curso de formação, podendo perder o direito ao salário em caso de falta sem justificativa.
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