O mercado internacional da soja voltou do final de semana prolongado – ontem não houve pregão por causa das comemorações do feriado de Martin Luther King – fortalecido na Bolsa de Chicago. Os principais contratos da oleaginosa operam com altas expressivas durante todo o dia e encerraram a sessão com valorizações superiores a 20 pontos nos vencimentos mais próximos. O março/13, contrato que ocupa a primeira posição de entrega terminou a terça-feira trocando de mãos a US$ 14,5175/bushel, em alta de 22,50 pontos em relação ao fechamento da última sexta-feira.
O avanço foi alimentado por especulações com relação ao clima na América do Sul. As chuvas que caem sobre o Centro-Oeste do Brasil e dificultam a colheita no maior produtor nacional de soja, o Mato Grosso, e a previsão de clima seco para o Sul do país e também para a Argentina nos próximos dez dias levaram os investidores à ponta de compra. Notícias positivas sobre a demanda internacional, com o anúncio de mais 120 mil toneladas de soja norte-americana da safra 2013/14 vendidas para a China, ajudaram a sustentar as valorizações.
Até o momento, contudo, não há números oficiais ou de empresas de consultoria que indiquem perdas de rendimento em decorrência do clima no Brasil. Ao contrário, as perspectivas seguem favoráveis e a expectativa é de safra recorde.
Em relatório divulgado hoje, a consultoria alemã Oil World elevou em 500 mil toneladas a sua projeção para a safra brasileira de soja, agora estimada em 81,5 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trabalha com 82,5 milhões de toneladas e a Companhia Nacional de Abastecimento com 82,7 milhões de toneladas.
Já a safra argentina, que em outubro era calculada pela Oil Word em 56 milhões de toneladas, foi reduzida em mais 1 milhão de toneladas pela consultoria, que agora espera que 52 milhões de toneladas de soja saiam dos campos do país vizinho. O USDA projeta 54 milhões de toneladas, enquanto o governo argentino espera ao menos 55 milhões de toneladas.
Em nota, a Oil Word avaliou que "as condições climáticas na Argentina nas próximas semanas determinarão se o atual prêmio de risco climático sobre os preços deve ser elevado ou se nós iremos experimentar uma pressão sazonal de oferta e os preços podem ser pressionados por liquidação de fundos".
Milho e trigo
Uma onda de compras especulativas relacionadas à previsão de clima seco na Argentina também deram suporte aos preços do milho nesta terça-feira, mas os avanços foram limitados pelo significativo recuo registrado no pit vizinho do trigo, que registrou baixas de dois dígitos nos principais vencimentos. Cotado a US$ 7,2850/bushel, o março/13 do milho teve pequena alta de 1 ponto no dia. Já março/13 do trigo encerrou os negócios valendo US$ 7,7925/bushel, com queda de 12 pontos. Um movimento de realização de lucros depois de as cotações atingirem durante o dia o maior valor em um mês pressionou o mercado do cereal.