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Com freezers cheios de frango, Aurora dá férias coletivas em mais uma fábrica

A empresa informou que não está prevista a demissão de trabalhadores e que a interrupção não atingirá, simultaneamente, mais de uma planta. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
A empresa informou que não está prevista a demissão de trabalhadores e que a interrupção não atingirá, simultaneamente, mais de uma planta. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Sem ter para onde exportar toneladas de frango guardadas em câmaras frias, a Cooperativa Central Aurora Alimentos anunciou nesta quarta-feira que dará férias coletivas de 30 dias, de 2 a 31 de julho, a quase 1.300 empregados do abatedouro de Guatambu, em Santa Catarina.

É a segunda das oito unidades da empresa no país a apelar às férias para diminuir a produção após o embargo da União Europeia, anunciado no mês passado, às exportações de 20 frigoríficos brasileiros. A primeira foi o abatedouro de Abelardo Luz, com 1.391 trabalhadores e que abate 33,5 milhões de frangos por ano. Lá o período de férias começa em 4 de junho.

A empresa informou que não está prevista a demissão de trabalhadores e que a interrupção não atingirá, simultaneamente, mais de uma planta. Apesar de não estar entre as empresas vetadas pelos europeus, a Aurora sentiu o impacto do embargo.

“A medida (férias coletivas) tornou-se inadiável em razão dos percalços que afetam o mercado internacional e impactam todas as companhias avícolas brasileiras desde agosto do ano passado. O quadro agravou-se no último bimestre de 2017, quando várias empresas foram desabilitadas a exportar para a Europa. No mesmo período, a Rússia, que representava um grande comprador de produtos cárneos, suspendeu as importações. A conjugação desses dois episódios produz o efeito de oferta excessiva e deterioração de preços”, afirmou a empresa em nota.

Em consequência desse cenário, a Aurora disse que grande parcela da produção nacional destinada à exportação acabou permanecendo no mercado doméstico. “Nesse estágio, a capacidade de armazenagem à frio, própria e de terceiros, chega ao seu limite, tornando-se imperiosa a necessidade de reduzir temporariamente a produção”.

O preço do milho foi apontado pela cooperativa como outro ingrediente da crise no setor avícola. Estaria havendo um “período de retenção especulativa, cujo efeito é o inflacionamento artificial de seu preço”. A situação teria agravado as dificuldades do setor e forçado as agroindústrias a obter no exterior o milho para a manutenção dos quase 520 milhões de aves alojadas no País.

A Aurora Alimentos informou que, em julho, avaliará a eventual necessidade de colocar uma terceira planta industrial em férias coletivas. Enquanto isso, afirmou esperar que “o Governo Federal obtenha sucesso na defesa técnica e política do setor da proteína animal, buscando o restabelecimento dos fluxos comerciais internacionais tão duramente conquistados pela indústria brasileira da carne”.

O anúncio antecipado das férias coletivas foi justificado pela “complexidade da cadeia produtiva”, que exige medidas escalonadas, sendo necessários 63 dias para diminuir a geração de ovos férteis, a produção de pintainhos, o alojamento e o abate – evitando o descarte de ativos biológicos.

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