Neste exato momento, mais de 35 mil licitações e procedimentos de compras governamentais estão com processo aberto em todo o País. Como saber onde estão essas oportunidades de negócio, sem se perder no emaranhado de editais e tomadas de preço?
De olho num cliente que faz compras anuais na ordem de R$ 500 bilhões, ou de 10 a 15% do PIB nacional, as cooperativas brasileiras desenvolveram uma ferramenta de acompanhamento de todos os editais lançados pela União, estados e municípios. O portal www.somoscooperativismo.coop.br/compraspublicas faz o cruzamento automático dos itens em processo de compra pelo governo com os produtos e serviços oferecidos por cada cooperativa. A partir de um cadastro, o setor de compras das cooperativas recebe por e-mail um alerta com os editais que trazem oportunidade para seu ramo de atuação e especialidade. O serviço foi implantado no final do ano passado e já mudou a rotina nos departamentos de compras.
“Sem um sistema desses, você deixa passar muitas oportunidades, porque não vê”, diz Felipe Jamus, que atua na área de compras e licitações da cooperativa Castrolanda. No Paraná, a Castrolanda detém um contrato de R$ 10 milhões para fornecimento de feijão na merenda das escolas estaduais. Por meio de outros editais, no entanto, o mesmo feijão da região dos Campos Gerais já viajou quase 4 mil quilômetros para atender necessidades do governo na Amazônia.
O ideal, no entanto, não é que os produtos precisem viajar tanto. A gerente de Relações Institucionais da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Fabíola Nader Motta, diz que o governo tem buscado fazer editais mais ajustados aos produtos da época e da região. “Isso fortalece a economia e as comunidades locais. Hoje o governo exige que 30% do que é comprado da merenda escolar venha de cooperativa. Porque você dá renda ao produtor, fomenta o trabalho e a manutenção do homem no campo”, enfatiza.
Segundo a OCB, somente na área da agricultura familiar as compras governamentais alcançam R$ 7 bilhões por ano. “Imagine que você é uma cooperativa que quer vender suco de uva no Paraná. Nosso portal avisa que tem um edital aberto para compra suco de uva em Maringá, por exemplo. Daí você decide se quer participar ou não. É muito difícil para pequenos produtores colocar o suco de uva deles num grande supermercado ou em outro estado. Em vez de entregar para um intermediário, é mais fácil unir forças numa cooperativa e receber juntos os benefícios”, destaca Fabíola.
Atualmente, não existem dados sobre o volume e a receita das vendas das cooperativas para União, estados e municípios. “Isso ainda é uma incógnita, assim como o potencial de crescimento. Ainda estamos construindo isso”, assinala a executiva.
O serviço de alerta de editais de compra do governo é exclusivo para cooperativas, mas existem outros no mercado, pagos, que fazem um rastreamento semelhante.