Com sete produtos entre os dez mais exportados nos últimos doze meses, o agronegócio somou US$ 88,93 bilhões à balança comercial brasileira em 2017, o que representa 40,84% do total: US$ 217,74 bilhões. O levantamento foi feito pelo Agronegócio Gazeta do Povo, com base nos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
TOP 10 das Exportações Brasileiras em 2017
1º Soja: US$ 25,72 bilhões (+33%)
2º Minérios de ferro: US$ 19,2 bilhões (+44,5%)
3º Petróleo: US$ 16,62 bilhões (+65%)
4º Açúcar (bruto):US$ 9,04 bilhões (+9,2%)
5º Automóveis: US$ 6,67 bilhões (+42,8%)
6º Carne de frango: US$ 6,43 bilhões (+8,1%)
7º Celulose: US$ 6,35 bilhões (+13,9%)
8º Carne bovina: US$ 5,07 bilhões (+16,7%)
9º Farelo de soja: US$ 4,97 bilhões (-4,23%)
10º Café em grão: US$ 4,6 bilhões (-5%)
O maior destaque continua sendo a soja, principal item da lista geral, que trouxe US$ 25,7 bilhões, 33% a mais na comparação com 2016.
Mas, com preços aquecidos no mercado internacional, as carnes também evoluíram na geração de divisas, ainda que, em volume, frangos e suínos tenham sido menos exportados que no ano anterior.
Embora tenha permanecido como principal pilar do comércio exterior brasileiro, o agronegócio perdeu, em 2017, cerca de 2% em participação no total dos embarques. Em 2016, o índice foi de 42,8%.
A redução é explicada pela expansão do setor petrolífero (que aumentou suas vendas em 65%, chegando a US$ 16,6 bilhões, e manteve a terceira posição na lista) e da indústria automobilística, que exportou US$ 6,7 bilhões (crescimento de 42,8%) e passou de nona para quinta colocada, deixando para trás café, farelo de soja, celulose e carne de frango.
Em 2017, a balança comercial brasileira teve o maior superávit da história. A diferença entre exportações e importações ficou em US$ 67 bilhões.
Palavra do especialista: Lucas Dezordi, professor de economia e consultor na Valuup Consultoria
Nós tivemos a supersafra agrícola, que contribuiu bastante para o crescimento econômico. A perda relativa do agro no total das exportações é um processo natural, não é enfraquecimento, mas um refortalecimento da industrialização, que foi muito machucada pelos anos de câmbio baixo, com o dólar valendo R$ 1,70 até R$ 2,50. O agronegócio, especificamente, já tem uma vantagem comparativa em relação ao resto do mundo, com terras férteis e capacidade de produção e exportação, por isso não sentiu tanto o peso de quando o real esteve mais forte. O ano de 2017 mostrou que a economia brasileira está começando a recuperar seu processo de industrialização, o que vejo como bons sinais. Em hipótese alguma foi um ano fraco para a agricultura, mas sim de possível recuperação dos rumos da economia brasileira, que está em andamento.
Entendo que em 2018, principalmente no primeiro semestre, teremos um bom momento de exportações, com o agronegócio e a consolidação do setor manufaturado, com a continuação do saldo comercial positivo. Eu gostaria de ver na economia brasileira que a recuperação fosse consolidada, com crescimento das exportações – e por incrível que pareça – das importações também, de máquinas, equipamentos e matérias-primas, como fertilizantes. Isso mostraria que economia brasileira está se recuperando. Não tem problema se o saldo cair, desde que a corrente de comércio seja maior. É o ponto central. Tudo indica que em 2018 a corrente vai ser melhor. Mesmo que o saldo venha até 15% menor, é um bom sinal.
[Sobre o ano de eleições], se o problema politico brasileiro se agravar, vai impactar no câmbio, que pode sair de R$3,30 para R$ 3,60. Se o câmbio sobe, não mata o agricultor, o produtor industrial, que já tem contrato fechado de exportação. No caso dos carros, por exemplo, os acordos de 2017 são para os próximos 3 ou 4 anos, para atender o mercado externo.
Nesse sentido, não vejo risco macroeconômico grande para quem exporta. Se a crise se agravar, a gente vai ter problema no crescimento do mercado doméstico, o que afeta as importações. Teria um saldo comercial positivo. Mas se for muito positivo, significa dizer que o mercado doméstico está desaquecido demais, que o problema contaminou o crédito, o crescimento de renda familiar, que são fatores que estimulam o consumo. A recuperação não seria plena. Mesmo com isso, estimamos que a economia cresça de 2,5% a 3%.
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