Um drone de dois metros de diâmetro sobrevoa a plantação de cebolas e faz pulverizações aqui e ali, usando água em vez de herbicida. Na tela do controle remoto o operador acompanha a localização geográfica exata do dispositivo e as áreas pulverizadas. O equipamento é o mais recente lançamento da empresa SkymatiX, uma joint-venture criada no ano passado pelas corporações japonesas Mitsubishi e Hitachi.
O dia de campo para apresentar o superdrone à imprensa aconteceu durante a semana numa propriedade agrícola de Koriyama, na cidade de Fukushima. “Temos muita confiança na estabilidade deste drone”, disse Zentaro Watanabe, 38, diretor executivo da SkymatiX.
Os drones agrícolas levam no abdômen um tanque para aplicação de agroquímicos e fertilizantes. A título de comparação, um produtor carregando um pulverizador costal (estilo mochila) leva um dia inteiro para pulverizar um hectare de terra. O drone pode fazer o mesmo serviço em apenas 10 minutos. Esses drones custam entre US$ 26 mil e US$ 30 mil cada um.
Mercado promissor
Segundo a consultoria Seed Planning, de Tokyo, o mercado de pulverização agrícola com drones vai dar um salto, no Japão, saindo de um faturamento de US$ 10,5 milhões, em 2016, para US$ 175 milhões em 2022. As empresas entram nesse mercado uma após a outra. “É um ramo de negócios muito promissor”, disse um revendedor.
Outra empresa, a Nileworks, também de Tokyo, garante que seu drone pode aplicar herbicida e fertilizantes ao mesmo tempo em que fotografa e monitora o desenvolvimento das lavouras de arroz. O drone deverá ser apresentado ao mercado no ano que vem.
“Faremos da agricultura uma indústria de alta tecnologia capaz de atrair muitos jovens”, acredita o presidente da Nileworks, Hiroshi Yanagishita, de 57 anos.
A Kubota Corporation, que começou a vender drones agrícolas em julho deste ano, desenvolve um software que analisa as imagens da lavoura e determina, via inteligência artificial, o lugar e a quantidade certa de pulverização, sem necessidade de intervenção humana.
Há, contudo, barreiras para o avanço dos drones nas lavouras do Japão. Segundo normativas do Ministério da Agricultura, quando um drone aplica defensivos agrícolas, o operador tem de estar acompanhado em solo de pessoal de apoio, para garantir que a pulverização não ultrapasse os limites da plantação.
Uma aplicação totalmente automatizada, que se inicia com o simples apertar de um botão, não é possível pelas regras atuais. Críticos dizem que a regulamentação desatualizada acaba dificultando a adesão aos drones por parte dos produtores mais experientes.
O Ministério da Agricultura vai promover um simpósio com especialistas no início de 2018 para discutir, entre outros temas, o uso seguro dos drones. Só então as autoridades vão deliberar se permitem ou não a pulverização totalmente automatizada nas lavouras japonesas.
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