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| Foto: Christian Rizzi/gazeta Do Povo

O mercado internacional de grãos encerrou a semana com preços mistos na Bolsa de Chicago. Tanto no pit da soja quanto no do milho, as cotações dos primeiros vencimentos e dos contratos mais distantes tomaram direções opostas depois que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou uma bateria de números que mostram duas realidades bastante distintas para o abastecimento de grãos. Segundo o órgão, a oferta é mais apertada do que se previa no curto prazo, mas tanto a soja quanto o milho devem ocupar uma área maior que o esperado na temporada 2013/14.

O relatório de estoques físicos – documento divulgado a cada três meses que funciona como uma espécie de termômetro do consumo de grãos nos EUA – mostrou que as reservas norte-americanas caíram a níveis críticos depois da quebra do ano anterior. Nas contas do USDA, 77% das 355,7 milhões de toneladas de soja e milho que foram colhidas no país na última temporada já haviam sido consumidas até o início do mês. Os estoques da oleaginosa somavam 11,8 milhões de toneladas, 35% abaixo do registrado nesta mesma época do ano passado e ligeiramente inferior ao que o mercado previa (12 milhões/t). No cereal, o recuo anual nas reservas foi de 12%, para 70,2 milhões de toneladas, volume bem menor que a expectativa (72,5 milhões/t).

O aperto garantiu ganhos de dois dígitos para os contratos com vencimento mais próximos, que balizam os preços para o mercado físico norte-americano. O julho/13 da soja terminou os negócios trocando de mãos a US$ 15,6450/bushel – 10 pontos abaixo da máxima do dia, mas 16 pontos acima do fechamento do dia anterior. Cotado a US$ 6,7925/bushel, o primeiro contrato do milho anotou avanço de 12 pontos na sessão.

Os vencimentos mais distantes seguiram na contramão, pressionados pela expectativa de aumento considerável na oferta de grãos a partir de agosto, quando tem início a colheita da nova safra nos EUA. Referência para a safra norte-americana 2013/14, o novembro/13 da oleaginosa perdeu 23,25 pontos e encerrou sexta-feira valendo US$ 12,52/bushel e o dezembro/13 do cereal caiu 27,50 pontos, para US$ 5,11/bushel.

Safra 2013/14Contrariando as expectativas do mercado, que esperava que o USDA mostrasse uma área de milho menor que a projetada três meses atrás, o órgão elevou a sua estimativa para o plantio do cereal de 39,37 milhões para 39,42 milhões de hectares – quase um milhão de hectares acima do que previam os investidores (38,58 milhões/ha).

Se consolidada, será a maior área desde 1936. Mas técnicos e analistas questionam a confiabilidade dos números. “A pesquisa foi iniciada um mês atrás e finalizada há duas semanas. Desde então, muita coisa mudou”, avaliou o economista da Universidade de Illinois, Darrel Good, em entrevista ao Agriculture.com. Na época, afirma o especialista, os agricultores ainda estavam otimistas, confiantes de que conseguiriam semear toda a extensão pretendida. O clima, contudo, não ajudou e parte das intensões de plantio pode não ter se concretizada.

No relatório, o USDA reconhece que as chuvas e frio excessivos em abril e maio “atrasaram significativamente” o plantio do cereal na maior parte do cinturão de produção do país, mas afirma que condições mais favoráveis a partir de meados do mês passado teriam permitido aos produtores reverter o atraso.

No início de temporada mais lento desde 1984, apenas 5% das lavouras haviam sido semeadas no início de abril. Quase dois meses depois, o índice chegava a 86%, ainda abaixo do normal no país, mas já “acima da média histórica em seis dos 18 principais estados produtores”, diz o documento. “Arizona, Nevada, Dakota do Norte, Oregon terão plantio recorde”, cita do relatório. O problema é que esses estados a que se refere o USDA têm pouca representatividade na produção nacional. Juntos, concentram apenas 4% das lavouras norte-americanas de milho.

“Analisando mais a fundo os números percebemos que o milho desce do Norte para o Sul. Boa parte do incremento promovido pelo USDA, na comparação com o relatório de março, veio dessa região, que, junto com o Nebraska, deve plantar 120 mil hectares a mais. Texas, Louisiana e Michigan ‘ganharam’ 260 mil hectares adicionais”, compara Frayne Olson, economista da Universidade da Dakota do Norte. “Isso significa que grande parte da produção de milho do país virá de áreas com maior risco climático”, conclui.

Ele afirma que o risco também será elevado para a soja, que, como o milho, ganha terreno na porção Sul do país. “Só no Missouri são 160 mil hectares a mais”, cita Olson. Em todo o país, as lavouras da oleaginosa devem se estender por 31,45 milhões de hectares, segundo o USDA - acima dos 31,21 milhões/ha estimados em março, mas abaixo dos 31,56 milhões de hectares esperados pelo mercado. “Comparado com o ano passado, a área plantada aumentou em 18 dos 31 estados que plantam soja nos EUA (...) e a área colhida deve ser a maior da história”, diz o relatório.

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