O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta quarta-feira, 22, que o governo foi surpreendido com a deflagração da Operação Carne Fraca, pela Polícia Federal, ocorrida na sexta-feira passada, 17. “Não temos de defender ninguém que fez coisa errada e em nenhum momento questionamos a ação da Polícia Federal”, disse o ministro. “Mas, da forma como foi apresentada à população brasileira, fomos pegos de surpresa.” Ele acrescentou que houve uma certa perplexidade. “Não era possível que, depois de tanto trabalho, fôssemos pegos de calças curtas”, afirmou ele, que participa de audiência conjunta da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), no senado.
Conforme Maggi, a estratégia acertada com o presidente Michel Temer, foi fazer um enfrentamento “claro, direto, transparente, eficiente e rápido para atacar os problemas que temos no momento”.
Ele relatou aos senadores que o Brasil suspendeu as exportações de produtos dos 21 estabelecimentos que foram alvo da operação. Para o ministro, é natural que os países compradores reajam com alguma limitação nas importações. Os principais focos de preocupação, no momento, são China e Hong Kong, grandes mercados para os produtos brasileiros.
Maggi estimou que a operação causará prejuízos da ordem de 10% nas exportações brasileiras, que somaram US$ 15 bilhões no ano passado.
O ministro voltou a defender o sistema de controle sanitário do Brasil e afirmou que os problemas encontrados são pontuais. Ele salientou que o governo brasileiro tem informado os países consumidores sobre as providências adotadas pelo País. E que foi “muito bem recebida” a manifestação brasileira na reunião de hoje da Organização Mundial do Comércio (OMC) que discutiu o problema.
Supermercado
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, esteve nesta quarta-feira, 22, em um supermercado na Asa Norte, em Brasília, acompanhando uma operação de fiscalização. Foram encontrados, nos estabelecimentos, três produtos originários de estabelecimentos que foram alvo da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal.
Os fiscais retiraram das gôndolas salsichas ao vinagrete da marca Italli, produzida por uma das plantas interditadas do frigorífico Peccin. O mesmo foi feito com sobrecoxas de frango e filés de peito com ervas finas da marca Seara. Os produtos ficarão retidos no depósito do supermercado até que seja concluída uma análise sobre sua qualidade. A apreensão, explicaram os fiscais, é preventiva.
O ministro aproveitou para conversar com pessoas que faziam compras para perguntar se estão consumindo carne e assegurando a eles que os produtos são seguros. “Pode consumir tranquila. Essa história de papelão, esquece. Foi uma comunicação errada”, assegurou ele à funcionária pública Eilany Maria, que almoçava na rotisseria do restaurante e tinha um corte de carne de suíno em seu prato.
“Como é o nome do senhor?”, perguntou a aposentada Maria José Moraes, de 65 anos. “Nem frango tô comendo mais”, disse ela ao ministro, que lhe respondeu que o produto é seguro. “Vamos fazer um teste?” propôs Maggi.
Ele entregou a ela um cartão com o número de seu telefone celular e sugeriu a ela consumir frango e depois telefonar para dizer se correu tudo bem. Depois que ele saiu, Maria José disse que não fará o teste. E que prefere esperar um pouco para retomar o consumo do produto. “Daqui uns tempos, eu vou comer”, disse.
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