O Paraná é maior produtor e exportador nacional de frango; praticamente um terço de todo o plantel nacional de aves está no estado. O bloqueio das rodovias pelos caminhoneiros atinge o setor num momento crítico, em que os prejuízos já vinham se acumulando em função do embargo da União Europeia e da alta dos preços dos grãos como soja e milho, principais ingredientes da ração.
“Se o mercado continuar desse jeito, as empresas vão ter que fechar as portas. O prejuízo já estava em 15% do faturamento. É muito triste. Não precisávamos de mais esse problema para estar mal. Do jeito que estamos, é menor o prejuízo parado do que funcionando”, diz Sidnei Bottazzari, sócio-proprietário da Jaguá Frangos, em Jaguapitã, Norte do Paraná.
Somente nas cooperativas, que respondem por 45% da produção paranaense, 1,345 milhão de frangos estão sendo deixados “a campo”, ou seja, confinados nas granjas quando já deveriam ter sido levados para o abate. A C.Vale, de Palotina, deixou de processar 530 mil frangos por dia, enquanto a Lar, de Medianeira, interrompeu o abate diário de 615 mil aves.
A Aurora Alimentos, cooperativa que tem sede em Santa Catarina mas mantém várias unidades no Paraná, interrompeu o abate de um milhão de frangos por dia no estado.
Nas empresas privadas não ligadas ao cooperativismo, os números não são menos impactantes. As plantas da BRF em Toledo e Dois Vizinhos, que também estão paradas, têm capacidade para abater cerca de 1 milhão de frangos por dia. A Jaguá Frangos, já citada, suspendeu a linha de produção onde passam todos os dias 200 mil aves.
Por ser uma atividade muito pulverizada no estado, é difícil fechar uma conta precisa do número de frangos retidos nas granjas. “O processo todo está engargalado. Se até sábado a situação não se resolver, os problemas vão se agravar. A ração dos frangos costuma durar uma semana. A falta de comida já é realidade”, diz Robson Mafioletti, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Sidnei Bottazzari, da Jaguá Frangos, foi pessoalmente aos pontos de bloqueio nas estradas fazer apelo aos caminhoneiros para liberar “pelo menos” os caminhões de ração. “Eu disse a eles que é preciso fazer um protesto inteligente. Reter todos os caminhões é um tiro no pé. Se eu não tratar uma galinha hoje, estou comprometendo o processo lá na frente. Vai gerar todo um efeito na cadeia produtiva, prejudicando os próprios caminhoneiros”, afirmou.