O Paraná se prepara para ampliar as exportações para a África, com uma particularidade: as exportações vão sair de um porto a quase 7 mil km de distância do litoral paranaense, nas Ilhas Canárias, território da Espanha próximo ao leste africano.
Uma equipe de representantes da ilha esteve no Paraná nesta terça (11) e quarta-feira (12) para preparar projetos que incentivem o comércio de produtos em parceria com cooperativas do estado. O grupo espanhol também passou por outros estados, como São Paulo, onde apresentou planos para o mercado de automóveis, e esteve em reunião com a catarinense Aurora.
“As exportações através da ilha servem como plataforma de reexportação para países como Senegal, Gana, Costa do Marfim e Camarões, além de fomentar a comercialização no mercado local”, afirma Sérgio Galvan Montesdeoca, diretor da Fundação dos Portos de Las Palmas, das Ilhas Canárias.
Produto europeu, mas paranaense
Nesta quarta, houve encontros na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e na Associação Comercial do Paraná (ACP). Na terça-feira, em reunião com as entidades que compõem a união cooperativa Unium (Castrolanda, Capal e Frísia), em Carambeí (PR), houve conversas que podem ser o passo inicial para transporte de leite em pó dos Campos Gerais para mercados do continente africano, revela Montesdeoca.
“Estamos prospectando potenciais investidores para utilizar os portos como hub de reexportação à União Europeia e à costa leste da África. A ideia é cooperativas e empresas terem produtos desembarcados, reembalados e fracionados para esses mercados. A vantagem é que, uma vez que o produto esteja nas Ilhas Canárias, ele passa a ser considerado como europeu, gozando de incentivos fiscais da União Europeia”, explica Nelson Costa, superintendente da Fecoopar - Federação das Cooperativas do Paraná.
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Segundo Costa, há um forte potencial para ampliar as exportações de carne de frango. Ao todo, cerca de 80% desse produto às ilhas têm origem brasileira. “Ficamos de fazer uma análise de custos e viabilidade de operação porque a operação implica em custos de embarque e desembarque, para ver se é uma boa alternativa”, afirma o superintendente.
“Colonização do porto”
Monroe Olsen, especialista em direito tributário do escritório Marins Bertoldi e um dos organizadores da viagem que trouxe os espanhóis para o Paraná, afirma que já foram realizadas missões para as Ilhas Canárias, compostas por representantes da Ocepar, ACP e Federação das Indústrias do Paraná (Faep).
Inclusive, já há uma área de 150 mil metros concedida para o abastecimento no Porto de Las Palmas, explica Monroe Olsen: “Será inaugurada em janeiro e é uma grande motivação porque as instalações devem atender os produtores brasileiros”, afirma. Ele destaca que as ilhas estão em um local estratégico para apoiar as exportações de proteína animal e até mesmo biocombustíveis.
Além de leite em pó e da carne de frango, outro produto que interessa ao porto, como ponto de “escala” em exportações, é a farinha de trigo. “Estão sendo feitos estudos detalhados para modelagem jurídica e logística para dar tratamento adequado, desde a segurança energética para entrega no porto [espanhol]”, completa Monroe Olsen. Segundo Nelson Costa, um grupo paranaense deve ir pessoalmente às Ilhas Canárias em abril com uma proposta concreta de utilização da estrutura portuária.
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