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Crise na avicultura?

Paraná tem oito frigoríficos de frango barrados pela União Europeia

Planta da BRF em Carambeí foi suspensa pela UE. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Planta da BRF em Carambeí foi suspensa pela UE. (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Dos 20 frigoríficos que não podem mais exportar carne de frango para a União Europeia (UE), oito estão no Paraná. O Agronegócio Gazeta do Povo teve acesso a uma lista que detalha os empreendimentos barrados pelo bloco.

São três unidades da BRF no estado (em Toledo, Francisco Beltrão e Carambeí – no documento consta a descrição “Ponta Grossa”), além de plantas de cooperativas que não haviam sido implicadas na Operação Trapaça, como a Lar (Matelândia), Coopavel (Cascavel), Copagril (Marechal Cândido Rondon) e Copacol (Cafelândia). A empresa Avenorte, de Cianorte, também teve as exportações suspensas pela UE.

Segundo o presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), Domingos Martins, ainda não houve a confirmação oficial de quais frigoríficos foram, de fato, suspensos. Ainda assim, ele se disse preocupado com a situação. Em volume, a União Europeia corresponde a menos de 8% das exportações brasileiras de frango, mas, por conta do alto grau de exigências, o mercado funciona como uma espécie de “vitrine”.

“É um mercado que se tem como Premium, porque é uma lista especial que é habilitada, não são todos [os frigoríficos]”, afirma Martins. “A questão agora é a acomodação, é um produto nobre que vai para lá, filé de peito. É um mercado que muita gente batalha para chegar.”

Em linha com o que o setor tem afirmado desde que o bloco passou a ameaçar as importações, o presidente do Sindiavipar defende que as barreiras não são sanitárias, como afirmam os europeus, mas comerciais. “Não há o porquê de se fazer dessa forma. Não digo que é uma retaliação, mas é um programa de governo meramente comercial.”

Enquanto a situação não é normalizada, o que, de acordo com o Ministério da Agricultura ainda não tem prazo para acontecer, Martins não descarta que as empresas – e não só as que foram barradas – tenham que reduzir a produção. “É uma conjuntura, existe uma super oferta de produto no mercado. Cada um tem que saber onde o sapato aperta”, completa.

A lista dos barrados ainda inclui os frigoríficos da BRF em Rio Verde (GO), Concórdia (SC), Dourados (MS), Serafina Correa (RS), Chapecó (SC), Várzea Grande (MT), Capinzal (SC), Marau (RS) e Nova Mutum (MT), além de empresas de menor porte como a Zanchetta Alimentos, de Boituva (SP); São Salvador Alimentos, de Itaberaí (GO); e Bello Alimentos, de Itaquiraí (MS).

O Paraná é o maior produtor e exportador brasileiro de frango. Só em 2017, o estado abateu em torno de 1,79 bilhão de aves, um acréscimo de 1,8% em relação ao ano anterior. E não deve parar de crescer. “Nós trabalhamos com a possibilidade de crescer de 4% a 6% neste ano em produção e exportação”, acrescenta Martins.

No ano passado, o Brasil produziu 13,1 milhões de toneladas e exportou 4,3 mi de t. Atualmente, o país é o maior exportador da proteína no mundo. E o Paraná é o maior produtor e exportador brasileiro de frango. Só em 2017, o estado abateu em torno de 1,79 bilhão de aves e exportou 1,57 milhão de toneladas.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também se posicionou a respeito do embargo. Confira a nota encaminhada à imprensa:

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lamenta a suspensão da habilitação de 20 plantas exportadoras de carne de frango pela União Europeia, conforme informações divulgadas pela autoridade sanitária do bloco econômico.

A associação considera infundada a decisão tomada pelos estados europeus, como uma medida protecionista que não se ampara em riscos sanitários ou de saúde pública. A decisão tomada hoje pela Comunidade Europeia é desproporcional e inconsistente diante das regras estabelecidas pelo Acordo de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Exatamente por isto, a ABPA encomendou um estudo que embasará o painel que o Brasil poderá apresentar na OMC contra a União Europeia, conforme já anunciado em coletiva pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi. No painel proposto, deverão ser questionados os critérios determinados para os embarques de produtos salgados (com apenas 1,2% de sal adicionado), que são obrigados a cumprir critérios de análises para mais de 2,6 mil tipos de Salmonella. Para que se tenha uma ideia, ao produto estritamente in natura (sem sal adicionado) pesam apenas análises para dois tipos de Salmonella.

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