A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (31) a segunda fase da operação Turbocred, para combater o desvio de verbas públicas por meio de fraudes em financiamentos agrícolas operados pelo Banco do Brasil, entre os anos de 2012 e 2015. Perícias do BB e da PF apontam fraudes de ao menos R$ 44 milhões.
Os policiais cumprem 39 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo e Goiás.
As diligências ocorrem em residências de tomadores de empréstimos considerados fraudulentos, funcionários e ex-funcionários do Banco do Brasil e de pessoas que teriam atuado como laranjas nas fraudes.
A segunda fase da operação Turbocred ocorre após a análise da documentação apreendida em agências do Banco do Brasil durante a primeira fase, em 17 de maio do ano passado. Foram analisadas 149 operações de financiamentos agrícolas e outras 13 de outras modalidades de financiamentos que alcançam R$ 59 milhões. Em 90% das operações houve fraude.
A investigação identificou diversos tipos de fraude, como a obtenção de financiamentos para custear atividade agrícola em imóvel próprio, mas usado em imóvel arrendado a terceiros; falsificação de carta de arrendamento para a tomada de empréstimos para custear atividade agrícola fictícia e a tomada de sucessivos financiamentos para diversos empreendimentos agrícolas, sem capacidade financeira.
Os suspeitos vão responder pelos crimes de gestão fraudulenta e gestão temerária de instituição financeira, aplicação de recursos de financiamento em finalidade diversa, previstos na lei de crimes financeiros, além de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa, com penas de 1 a 12 anos de prisão.
Propinas
“A prática envolve desvio de recursos públicos e pagamento de propinas em fraudes de financiamento agrícolas com a participação de clientes, funcionários e ex-funcionários do Banco do Brasil, inclusive um gerente regional e dois superintendentes”, afirmou o delegado que comanda a operação, Victor Hugo Alves.
Ninguém foi preso até o momento e alguns investigados ainda trabalham normalmente no BB. “Não tem como saber se foi o funcionário do banco ou cliente que iniciou o crime, mas foi comprovado o conluio na obtenção do crédito agrícola. A organização criminosa é bem estruturada, cada um tem sua parte e algumas pessoas (suspeitas) continuam trabalhando”.
De acordo com a PF, outras operações recentes da corporação apuraram fraudes semelhantes nos Estados de Goiás e no Ceará, o que mostra que o caso, oriundo na região de Ribeirão Preto (SP), não é pontual. Além disso, segundo Alves, a fraude continuou sendo praticada mesmo com a mudança de normativas do Banco Central para tornar mais rígida a tomada de crédito agrícola.
O BB informou, por meio da assessoria de comunicação, que “colabora com as investigações” da PF.
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