Se os últimos números já apontavam para uma safra recorde nos Estados Unidos, o último relatório do USDA, o Departamento de Agricultura do país, divulgado nesta quarta-feira (9), deixa claro que a colheita vai superar ainda mais as expectativas.
Ao todo, os norte-americanos devem colocar 2 milhões de toneladas de soja e 4 milhões de toneladas de milho a mais do que era esperado. Serão 505 milhões de toneladas de grãos.
A produção da oleaginosa foi atualizada para 118,7 mi (t) e a do cereal para 185,5 mi (t), conforme o documento mensal do USDA. O levantamento anterior havia sido publicado em outubro, com dados que já desafiavam o mercado. Sobre a produtividade, os rendimentos médios também subiram: eles foram atualizados para 59,5 sacas por hectare no caso da soja, um aumento de 2%; e 185,5 sacas por hectare para o milho, acréscimo de 1,1%.
O resultado vem num momento definitivo para a colheita nos EUA, que já está praticamente encerrada e coroa a super-safra norte-americana, a maior da história do agronegócio mundial. Até o momento, de acordo com o USDA, já foram colhidos 93% da área destinada à soja e 86% das plantações de milho.
“De certa forma, esse resultado já era esperado pelo mercado em outubro, mas, na época, a colheita da soja estava em 44% e a do milho em 35%. É razoável que o USDA tenha adotado uma postura mais conservadora”, avalia o analista de mercado da Granopar, Aldo Lobo. “Os números de agora são os finais, talvez hajam algumas alterações, mas apenas em janeiro, quando é feito o balanço definitivo”, acrescenta.
Ainda que o ganho em produção e produtividade, já que a área a ser colhida permaneceu a mesma, estivesse dentro das projeções do mercado, a confirmação desse aumento deve influenciar os preços. “Quando ela não veio em outubro, com a posição mais conservadora do USDA, as cotações da soja passaram de US$ 9,50 para US$ 10,30 por bushel”, diz Lobo. “Agora, eu acredito que, nos próximos meses, elas fiquem em US$ 9,80 por bushel, a depender do andamento do clima na América do Sul”, completa.
Milho
Segundo o analista da Safras e Mercado, Paulo Molinari, embora a demanda mundial pelo milho permaneça alta, a produtividade divulgada pelo USDA veio acima do que o mercado esperava, o que pressiona os estoques norte-americanos, que, pela primeira vez em três décadas, será superado pela produção. “Os estoques estão altos, então, para a próxima safra, devemos ter uma queda de área nos EUA e também no Brasil, na safrinha”, explica.
Além da colheita norte-americana, os olhos se voltam para a Argentina, que, após o fim do imposto sobre a exportação de milho, tem agora um aumento de área estimado em até 7% para o cereal. Molinari diz, no entanto, que a safra argentina não deve ter uma interferência tão grande na oferta mundial. “Acredito que a área não vá aumentar tanto assim por causa do excesso de chuvas lá, que prejudica, sobretudo, o plantio do milho”, salienta.
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