Saída dos Estados Unidos do maior acordo comercial do mundo, a Parceria Transpacífico (TPP), abre oportunidades para o agronegócio brasileiro.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O Brasil é o maior exportador de soja do mundo, com 50 milhões de toneladas embarcadas por ano. Também é o líder na venda de frango para o exterior, com um total de quase 4,4 milhões de toneladas em 2016. E o que já está bom, pode ficar ainda melhor com a saída dos Estados Unidos do maior acordo comercial do mundo, a Parceria Transpacífico (TPP). Após o anúncio do presidente Donald Trump, na segunda-feira (23), o agronegócio brasileiro passou a ser uma alternativa natural para mercados que até então eram dominados pelos americanos. Mas os especialistas apontam que para aproveitar essas novas oportunidades, o melhor é ir com calma.

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O professor de Economia da Universidade Positivo e consultor da Valuup, Lucas Dezordi, diz que novas oportunidades para o agronegócio brasileiro passam a existir, mas que é preciso seguir com cautela. “Acho pouco provável que o Trump ao sair desses acordos vá fechar a economia. Ele sabe que se fechar é um ‘tiro no pé’ e que não gera emprego. Mas há uma tendência, a partir de agora, que os acordos multilaterais entre países sejam deixados em standby e que acordos bilaterais [apenas entre dois países] dominem o cenário das negociações mundiais. Vamos começar a entrar em uma ‘guerra de trincheiras’”, prevê.

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O que é a Parceria Transpacífico (TTP)

É o maior acordo regional de comércio da história, reúne 10 países e detinha (até a saída dos Estados Unidos) 40% de todo o PIB mundial. Para chegar ao termo final da parceria comercial internacional, foram cerca de oito anos de negociações. Faziam parte do TPP as seguintes nações: Estados Unidos, Japão, Canadá, Austrália, México, Malásia, Cingapura, Chile, Peru, Nova Zelândia, Vietnã e Brunei.

Marsio Antônio Ribeiro, economista especialista em agronegócio e comércio exterior, diz que com a saída dos EUA, que são grandes fornecedores de soja, milho, carnes e outros produtos do agronegócio, abre-se espaço para outros países fornecerem esse tipo de produto. “Não se sabe ao certo se a aliança vai permanecer sem os EUA. Até mesmo a China poderia participar do acordo, tudo depende das negociações. O que a gente vê é que a atitude do Trump é bem protecionista, uma política bem populista. Acho que em um curtíssimo prazo poderia ser até interessante internamente, mas a médio e longo prazo não há sustentação para isso”, opina o economista.

Benefícios e apreensão

O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, afirmou que a saída dos Estados Unidos do acordo comercial Parceria Transpacífico (TPP) pode gerar benefícios para o agronegócio brasileiro mas, também, é motivo de certa apreensão para as negociações internacionais. Ele esteve, nesta quarta-feira (25), numa cerimônia de posse de 70 servidores públicos do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“É uma grande chance para o Brasil avançar no comércio exterior, mas, ao mesmo tempo, a maior economia do mundo está se fechando e isso é uma preocupação. No entanto, entendemos que podemos usar as medidas protecionistas do governo americano como oportunidade. É fazer do limão uma limonada.”