Chegou a seis o número de frigoríficos interditados pelo Ministério da Agricultura, dez dias após a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. O Ministério da Justiça também anunciou nesta segunda-feira, 27, a ampliação do recall de produtos de frigoríficos investigados na operação. Pouco depois, o frigorífico Souza Ramos, interditado e alvo de recall, anunciou que fechou as portas e demitiu os 140 funcionários de sua fábrica em Colombo (PR) na semana passada. Até a noite desta terça, o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Eduardo Rangel, disse que ainda não havia sido informado.
Logo após a operação policial, há duas semanas, o ministério fechou três estabelecimentos: Peccin em Curitiba (PR), Peccin em Jaraguá do Sul (SC) e a unidade da BRF em Mineiros (GO). A lista cresceu para seis, com o acréscimo de Souza Ramos, Laticínios SSPMA em Sapopema (PR) e Farinha de Carnes Castro em Telêmaco Borba (PR). Além desses, Transmeat, de Balsa Nova (PR) é alvo de interdição parcial, só de uma linha de produção de carnes temperadas.
Todos eles estão na lista dos 21 frigoríficos investigados na operação e que, por isso, receberam um “pente-fino” da fiscalização do Ministério da Agricultura. “Não encontramos nessas plantas nenhum produto que pudesse fazer mal à saúde no momento”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “Vamos dar à população essa tranquilidade”, completou.
No Souza Ramos, por exemplo, o problema encontrado foi o uso de amido acima do permitido nas salsichas. O Laticínios SSPMA foi fechado porque os responsáveis tentaram impedir a fiscalização. E na Farinha de Carnes Castro, que fabrica ração animal, foi encontrada matéria-prima vencida.
Até agora, as amostras passaram por análises físico-químicas, que indicariam, por exemplo, o uso excessivo de ácido sórbico, água injetada nas carnes e outros. Mas faltam os resultados microbiológicos, que poderão indicar com mais precisão se há riscos à saúde.
A fiscalização encontrou indícios de procedimentos falhos e riscos à saúde em três estabelecimentos: Peccin (SC), Souza Ramos e Transmeat. Também nesse caso, a Agricultura aguarda resultados do laboratório.
A operação da PF teve um efeito direto na balança comercial. Segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior e Serviços, as exportações de carne recuaram 19% na quarta semana de março, na comparação com o acumulado do mês até a terceira semana.
Nos 19 primeiros dias de março, a média diária de embarques do produto foi de US$ 62,2 milhões. Já na semana passada a média por dia de vendas externas foi de US$ 50,5 milhões. Ou seja, as perdas foram inferiores ao que parecia num primeiro momento. No dia mais agudo da crise, os embarques haviam despencado para US$ 74 mil.
Outro lado
O frigorífico Souza Ramos informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que a unidade foi auditada há quatro meses e o ministério autorizou venda dos produtos. “Temos laudo de todo o produto que é retirado da empresa, com quantidade normal de amido e por lei. O Souza Ramos trabalha com a legislação, fomos auditados há quatro meses pelo mesmo Mapa que nos deu autorização”, informou.
Já a Transmeat relatou não ter sido informada qual linha e nem qual lote de produtos teriam de ser substituídos. Além disso, a companhia recorreu à Justiça por meio de um mandado de segurança para poder reverter o recall determinado pelo Ministério da Justiça.
A Peccin mantém apenas um comunicado no site no qual nega as irregularidades. O jornal “O Estado e S. Paulo” tentou contato por telefone com a Laticínios SSPMA, em Sapopema (PR) e com a Farinha de Carnes Castro, em Telêmaco Borba (PR), mas ninguém foi localizado nas unidades no início da noite.
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