Os preços da soja nos Estados Unidos e no Brasil, países que concentram cerca de 80% das exportações globais, têm tomado caminhos muito diferentes graças à guerra comercial de Donald Trump.
Nos EUA, a média caiu para US$ 7,79 por bushel nesta semana, o menor valor em quase uma década, de acordo com o índice compilado pela Minneapolis Grain Exchange. As tarifas impostas pela China a bens norte-americanos, incluindo produtos agrícolas, já entraram em vigor.
Enquanto isso, exportadores no Brasil vêm mantendo um momento favorável. O preço da soja que será embarcada em agosto no Porto de Paranaguá está US$ 2,21/bushel acima dos futuros em Chicago, a maior diferença desde que os dados passaram a ser compilados, em 2014. O prêmio para a oleaginosa mais do que triplicou desde o fim de maio, conforme informações da Commodity 3.
“Os prêmios refletem o aumento da possibilidade da China se tornar mais dependente da soja brasileira”, diz o analista da consultoria Safras e Mercado, Luis Fernando Roque.
O rally significa que o acréscimo no prêmio pago ao grão brasileiro é equivalente a dois terços do custo das tarifas que a China pretende cobrar sobre os embarques dos EUA, pontua a FC Stone.
Até o momento, as boas margens para esmagamento estão ajudando a manter a demanda chinesa aquecida pela soja do Brasil, mesmo com a escalada dos prêmios. A China comprou cerca de 1,1 milhão de toneladas do país na última semana, ao passo que, no mesmo período, não houve compras com origem nos Estados Unidos, conforme o Centro Nacional de Grãos e Óleos da China.
O movimento é incomum para esta época do ano, quando a China, normalmente, começa a reservar carregamentos dos EUA nos meses que antecedem a colheita norte-americana. Os estoques no Brasil já começam a cair, depois que os embarques atingiram o pico da safra em maio.
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