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Supermercados deixam de vender carnes de marcas investigadas

Coincidência ou não, os preços no varejo das carnes bovinas, do frango e de embutidos, como salsicha e linguiça, recuaram na última semana. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Coincidência ou não, os preços no varejo das carnes bovinas, do frango e de embutidos, como salsicha e linguiça, recuaram na última semana. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Grandes redes de supermercados retiraram das prateleiras os produtos fabricados pelos frigoríficos interditados pela Polícia Federal (PF) na Operação Carne Fraca para blindar os clientes do risco de vender itens contaminados.

O Carrefour informou, por meio de nota, que “retirou preventivamente das lojas os produtos das plantas interditadas”. A empresa frisa que procedimento se refere às fábricas investigadas, mas não às marcas. A companhia não detalhou os volumes removidos nem o destino dos produtos.

O concorrente Walmart também retirou das lojas os produtos suspeitos de contaminação. Em seu comunicado, a empresa afirma que “suspendeu preventivamente a venda em suas lojas dos produtos oriundos das plantas frigoríficas interditadas na Operação Carne Fraca”. A rede varejista informou que tinha relação comercial contínua apenas com uma das três plantas que tiveram a produção interrompida, pertencente ao frigorífico Peccin.

O GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar, Extra e Assaí, informou, por meio de nota, que também suspendeu a compra das três unidades industriais interditadas, duas no Paraná e uma em Goiás.

A rede varejista não detalhou, no entanto, se os itens fabricados nessas plantas foram recolhidos das lojas. “Recall no Brasil só pode ser determinado pela Anvisa mediante laudos técnicos comprovando contaminação ou problemas sanitários dos produtos. O que não aconteceu ainda - e continuamos aguardando para ver se há alguma orientação dos órgãos nesse sentido”, informou a nota.

Preços

Coincidência ou não, os preços no varejo das carnes bovinas, do frango e de embutidos, como salsicha e linguiça, recuaram na última semana, segundo pesquisa da Fundação Procon de São Paulo, que acompanha semanalmente o custo da cesta básica.

Entre quinta-feira da semana passada, véspera da divulgação da operação, e ontem, dia 23, o preço médio da carne de primeira na cidade de São Paulo caiu 2,22%. O levantamento do Procon pesquisa as cotações em 70 estabelecimentos comerciais da cidade. O preço da carne de primeira recuou em uma semana mais do que a queda registrada no ano passado inteiro, 2,13%.

Na última semana, dos 40 itens pesquisados para o custo da cesta básica, a carne de primeira foi o item que mais contribuiu para a queda da cesta. Sozinha, respondeu por quase um terço. A carne de primeira contribuiu com 0,29 ponto porcentual de um recuo total de 0.98% da cesta básica no período.

Além disso, das cinco maiores contribuições negativas para a queda no valor da cesta na última semana, três delas são proteína animal: carne de primeira, linguiça fresca e frango inteiro resfriado.

No campo, a cotação da arroba do boi gordo ainda não teve praticamente alteração, segundo Aedson Pereira, analista da consultoria especializada em agronegócio IEG FNP. “O mercado vai demorar para sentir alterações”, disse. Ele observou que, por enquanto, o efeito foi mínimo. Na quinta-feira, 23, a cotação máxima da arroba no Estado de São Paulo foi de R$ 145,00. Na semana passada, antes da operação da PF, variava entre R$ 146,00 e R$ 147,00.

“A baixa de preço é muito provável no futuro”, disse o analista, ponderando que o mercado vinha num ritmo de escassez de bovinos. “A oferta estava da mão para a boca.” Por enquanto, os frigoríficos estão mantendo as escalas contratadas, mas limitando as novas compras. Para o analista, os pecuaristas estão preocupados com a reorganização da cadeia de produção, depois desse episódio. Em relação à carne de frango e à carne suína, Pereira disse que a supersafra de grãos (milho e soja) tem contribuído para a queda de preços.

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