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Os agricultores são uma base de apoio importante para a administração Trump, mas têm sido afetados pela guerra comercial com a China e outros países | MANDEL NGAN/AFP
Os agricultores são uma base de apoio importante para a administração Trump, mas têm sido afetados pela guerra comercial com a China e outros países| Foto: MANDEL NGAN/AFP

O governo dos Estados Unidos começou a distribuir no mês de setembro uma ajuda financeira de US$ 25,8 milhões a fazendeiros afetados pela guerra comercial com a China. O dinheiro faz parte do programa de ajuda prometido pelo presidente Donand Trump para compensá-los pelas perdas provocadas pela guerra de tarifas entre os dois países. No entanto, a ajuda provocou polêmica no país. Críticos dizem que falta transparência no programa de auxílio aos produtores rurais, pois os nomes dos beneficiados não foram divulgados pelo governo.

O dinheiro representa uma primeira parte dos US$ 12 bilhões prometidos pela administração Trump, que vai ajudar os produtores a superarem a sobretaxação dos seus produtos por outros países. Essa retaliação tem diminuído a demanda pelos produtos americanos no exterior e resultado num excesso de oferta no mercado interno, derrubando os preços.

De setembro até agora, o Departamento de Agricultura dos EUA recebeu 39.447 formulários com pedidos de auxílio de agricultores. O Departamento, no entanto, aprovou apenas 7.851 pedidos até o momento. O governo tinha planejado inicialmente reservar US$ 4,7 bilhões em pagamentos para produtores de commodities como milho, algodão, laticínios, carne suína, sorgo, soja e trigo.

O programa deve ajudar os agricultores com base em uma fórmula que leva em conta a “gravidade da interrupção do comércio”, que é basicamente uma estimativa de quanto dinheiro a guerra comercial está custando a eles, bem como pelo tamanho das suas produções, conforme anunciou o USDA.

Os agricultores só podem solicitar a assistência uma vez que a sua colheita esteja concluída, então o dinheiro vai primeiramente para produtores de trigo, laticínios e gado. O USDA não divulgou quais agricultores já receberam a assistência do programa. “Por questões de segurança e privacidade não divulgaremos a identidade dos recebedores”, disse um porta-voz do Departamento.

Alguns críticos dizem que a administração Trump deveria divulgar os nomes dos beneficiados, argumentando que isso permitiria ao público saber se os produtores estão recebendo múltiplos recursos da assistência federal.

“A administração não deveria esperar para compartilhar os nomes dos beneficiados, pois os contribuintes poderiam ver quais deles já receberam ajuda de outros programas”, disse Scott Faber, vice-presidente sênior de assuntos governamentais do Grupo de Trabalho Ambiental, uma organização de âmbito nacional.

Relaxamento da tensão

Quando Trump anunciou o auxílio, muitos advogados de grupos de fazendeiros e de um bloco bipartite de legisladores argumentou que os produtores deveriam ser ajudados de forma mais efetiva com o relaxamento das tensões comerciais. Em vez disso, as tensões só aumentaram, com EUA e China repetidamente se alvejando com tarifas cada vez mais altas. A China disse na semana passada que retaliaria a tarifação de US$ 200 bilhões que o governo Trump impôs aos seus produtos, adotando medidas equivalentes a U$ 60 bilhões em produtos americanos.

A administração Trump fez um acordo preliminar com o objetivo de fechar um acordo comercial com o México, mas permanece em disputa com Canada, outro grande parceiro comercial na agricultura.

O programa de pagamento direto é um dos vários esforços do governo para isolar os agricultores da guerra comercial.

A Casa Branca também autorizou o USDA a comprar US$ 1,2 bilhão em comida para ser distribuída para programas assistenciais de alimentação e nutrição infantil pelo país. A Feeding America, uma organização sem fins lucrativos com mais de 200 bancos de comida nos EUA, está trabalhando com o governo para resolver alguns gargalos logísticos de como coletar alimentos como carne, enlatados e laticínios e levar para os americanos mais necessitados.

“Os bancos de alimentos estão comemorando esta grande oportunidade, mas há muitos custos associados à operação e um problema de falta de capacidade logística”, diz Kate Leone, vice-presidente sênior de relações governamentais da Feeding America. “A demanda está lá, mas estamos tentando atravessar essas barreiras para que o programa dê certo”, esclarece.

A oposição argumenta que o governo federal já tem generosos programas de ajuda a agricultores com problemas, incluindo seguro que reembolsa os produtores que tiveram perdas inesperadas. Para eles, esses pagamentos são uma forma de calar as críticas em torno de uma política determinada, de olho nas eleições que ocorrem no meio do mandato de Trump.

“É como um socialismo incubado, e voltado para pessoas que votam esmagadoramente em republicanos”, compara Scott Faber, do Grupo de Trabalho Ambiental.

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