A irregularidade das chuvas, com redução na produtividade da soja e do milho em regiões como a de Campos Novos (SC), não deve ser o principal problema climático desta temporada e vai influenciar também a produção do Paraguai, da Argentina e dos Estados Unidos. A falta e o excesso de umidade vão determinar a direção dos preços, disseram os analistas do Ciclo de Palestras Informação e Análise do Agronegócio, promovido pela Gazeta do Povo nesta quarta-feira no Show Rural Coopavel.
A uma plateia de mais de 100 pessoas, os dois palestrantes falaram sobre as oportunidades da safra 2012/13. “No clima e no mercado as oportunidades da safra 2012/13”, foi o tema abordado pelo meteorologista Luiz Renato Lazinski, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que integra o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O analista Vinícius Xavier, da consultoria FCStone, falou sobre “O mercado de olho no clima”.
Lazinski avaliou que o Sul do Brasil tem sofrido com falta de umidade, mas que 80% das lavouras devem ter rendimento de bom a razoável. Ele disse que, nas próximas semanas, a irregularidade das chuvas deve persistir. Sua preocupação é até maior em relação à umidade da Amazônia retida na metade norte do mapa do Brasil e que provoca excesso de chuva nas lavouras de Mato Grosso ao Piauí - do Centro-Oeste ao Centro-Norte. Segundo o analista, a Argentina teve excesso de chuva no plantio e agora enfrenta estiagem mais grave que o Sul brasileiro. Ele acrescentou ainda que os Estados Unidos vão começar a safra 2013/14 com falta de umidade.
Para Xavier são justamente essas variáveis climáticas que vão definir os rumos do mercado de grãos nos próximos meses. Segundo ele, a produção brasileira já está praticamente consolidada e a grande incógnita neste momento é a Argentina. “Mas mesmo que a produtividade fique nos mesmos níveis da temporada passada, ano de quebra, e os argentinos percam 10 milhões de toneladas de soja a América do Sul vai colocar no mercado 140 milhões de toneladas, o que é muita coisa”, disse.
Na avaliação do analista, isso desenha um cenário baixista para a oleaginosa no médio prazo. Antes de se acomodar em níveis inferiores, contudo, as cotações da soja devem subir um pouco mais. “Nesta sexta o USDA [Departamento de Agricultura dos EUA] divulga um relatório que deve mostrar um aumento na demanda mundial e impulsionar os preços [na Bolsa] em Chicago”, explicou.
No caso do milho uma possível a quebra na Argentina teria impacto reduzido no mercado, pois a representatividade da produção sul-americana é pequena quando comparada à dos EUA, os maiores produtores e exportadores do cereal. Por isso, o balizador dos preços internos será a demanda. “No ano passado vimos cotações tão elevadas, superiores a R$ 30 por saca em alguns momentos, porque nossas exportações explodiram. Foram 22,3 milhões de toneladas, quando o normal é exportarmos 8, 9, 10 ou, no máximo 11 milhões de toneladas de milho”, disse Xavier. Para ele, mesmo a estimativa atual da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê embarque de 15 milhões de toneladas em 2013, parece difícil de ser alcançada. “No ano passado os EUA perderam mais de 100 milhões de toneladas, um quarto de sua safra, e por isso exportaram menos. Neste ano devem aumentar o plantio e recuperar produção”, justifica.
O Ciclo de Palestra é uma realização do Agronegócio Gazeta do Povo em parceria com a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e a Federação da Agricultura do Paraná (Faep). Acompanhe detalhes das palestras no caderno Agronegócio da Gazeta do Povo e aqui no site da Expedição Safra, na próxima terça-feira.
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