Entres especialistas -- e agora até para a Polícia Federal (PF) --, o discurso é de que os problemas apontados pela Operação Carne Fraca são pontuais, mas isso não tem impedido que a apuração sobre pagamentos de propina e produtos adulterados respingue em empresas que sequer foram citadas na investigação. Desde a última a última sexta-feira (17), quando a operação ganhou as manchetes da imprensa nacional e internacional, diversos mercados fecharam as portas – total ou parcialmente - para a carne brasileira.
“Isso caiu como um tsunami, está sendo devastador para nós”, diz o presidente da cooperativa Lar, de Medianeira (PR), Irineo da Costa Rodrigues. “Ao todo, exportamos para 67 países, incluindo todos esses que anunciaram embargo contra o Brasil”, acrescenta.
A cooperativa está com 227 contêineres (que carregam mais de 6 mil toneladas de frango) parados, sem saber ao certo o que fazer com eles. Somente para a China, são 217 contêineres, sendo que 45 estão em portos chineses, 45 em Paranaguá (PR) e 127 em alto-mar.
“Se você não entrega o produto, não recebe por ele. Caso isso se arraste por muito tempo, teríamos que tentar encaminhar para outros mercados ou mandar o navio retornar. O prejuízo pode ser de US$ 12 milhões”, lamenta o presidente da Lar. “Nós esperamos que essa situação seja resolvida o mais rápido possível”, torce.
Além do custo com a mercadoria em si, há também uma grande preocupação com os gastos em logística. “Os contêineres que ficam retidos nos portos geram despesa de estadia”, explica o presidente da C.Vale, de Palotina (PR), Alfredo Lang.
A cooperativa é a segunda maior do Paraná em faturamento e ainda calcula o tamanho da frota estacionada. “Estamos redirecionando as exportações para outros países, mas isso é a partir dos carregamentos que estão saindo do nosso abatedouro em Palotina, depois da operação Carne Fraca”, complementa.
A C.Vale abate mais de 470 mil frangos por dia e destina 55% da produção ao mercado externo, principalmente a países como China, Chile e Hong Kong, que suspenderam a importação de todos os tipos de carne do Brasil, independentemente da empresa.
Em Santa Catarina, maior exportador de suínos do país e segundo de aves, depois do Paraná, o clima também é de apreensão. Para Ricardo Gouvêa, diretor do sindicato que reúne as indústrias de carne e derivados do estado, o Sindicarne, os embargos podem levar a um efeito dominó na economia. E isso pode não demorar para acontecer. “Nós temos capacidade de armazenagem de seis a oito dias, depois tem que escoar”, pontua.
Em 2016, Santa Catarina exportou 1 milhão de toneladas de frango e 274 mil toneladas de carne suína, gerando no total R$ 2,25 bilhões. “Vamos ter que avaliar o que fazer, tomar outro rumo e até parar a produção. Isso vai piorar a crise, gerar mais desemprego”, completa Gouvêa.
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