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alerta máximo

Cidade usa alarme de guerra para evitar consumo de peixe mortal

Segundo a imprensa internacional, a mercadoria foi revendida em um supermercado local. | Divulgação/Japan Times/AP
Segundo a imprensa internacional, a mercadoria foi revendida em um supermercado local. (Foto: Divulgação/Japan Times/AP)

Gamagori, uma pequena cidade de 1.500 habitantes no sudeste do Japão, está em estado de atenção máxima após um pescador local vender por engano cinco pacotes de carne de baiacu que continham miúdos do peixe, tóxicos aos humanos e de venda proibida no país. Segundo a imprensa internacional, a mercadoria foi revendida em um supermercado local.

Para alertar a população, a prefeitura de Gamagori está utilizando os mesmos sistemas que servem de alerta para terremotos e acidentes nucleares, por meio de alto-falantes espalhados pela cidade. Segundo o jornal Japan Times, três dos cinco pacotes vendidos já foram devolvidos para as autoridades. “Mas não temos ideia da localização dos dois restantes”, disse Koji Takayanagi, um oficial local, ao jornal.

“O consumo de fígado de baiacu pode causar paralisia dos nervos motores e em casos mais sérios morte por parada respiratória”, diz o aviso sendo veiculado no sistema de alerta. Detalhe: não há nenhum antídoto conhecido.

Peixe mortal

Uma das iguarias mais conhecidas – e caras - do Japão (um sashimi pode custar a bagatela de US$ 300), o baiacu, também conhecido como fugu, só pode ser preparado por chefes que tenham passado por uma capacitação especial, de pelo menos três anos. Ainda assim, de acordo com o Japan Times, muitas pessoas morrem todos os anos por conta do preparo inadequado e outras dezenas sofrem efeitos colaterais.

O baiacu é mais lembrado por um mecanismo de defesa bastante peculiar. Para evitar virar comida alheia, ele ‘engole água até quase explodir’, tudo para aparentar ser maior do que realmente é. Mesmo que o blefe não funcione, o peixe ainda pode ser mortal. Em alguns casos, o veneno pode ser centenas de vezes mais potente que substâncias usadas para executar pessoas em câmaras de gás.

Segundo o Guardian, o baiacu não nasce venenoso: ele vai se tornando assim, conforme se alimenta de outras criaturas e acumula toxinas em seu fígado. Entretanto, outras partes - como intestino, pele e ovários - também podem conter a substância letal.

Entre 2006 e 2015, dez pessoas morreram após comer o peixe, de acordo com o Guardian. A maior parte tentou preparar a iguaria por conta própria. Em 2006, uma mulher de 35 anos quase morreu depois de pedir um prato à base de fígado de baiacu, num restaurante em Tóquio que tinha duas estrelas do Guia Michelin. O chefe, como era de esperar, teve a licença cassada pelo governo japonês, segundo o Daily Mail.

Até na cultura pop o baiacu já apareceu. Um ator japonês morreu em 1975 depois de convencer um chefe de que havia desenvolvido resistência ao veneno e comer quatro fígados do peixe. Até o icônico personagem de desenhos animados Homer Simpson já passou por apuros quando pensou ter comido carne de baiacu.

Apesar das histórias curiosas, não significa que todo baiacu é uma fábrica flutuante de veneno. Há mais de 100 variedades do peixe, com várias “habilidades” para matar. Na verdade, conforme a Associated Press, a loja em Gamagori que virou o centro das atenções vendia um tipo de baiacu quase não tóxico há anos. As autoridades ainda não sabem exatamente como essa variedade “inofensiva” foi confundida com a letal.

As buscas continuam e não há relatos de morte, por enquanto. Porém, uma coisa já é certa: à Associated Press, os gerentes do supermercado afirmaram que estão fora do negócio de baiacu.

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