Tilápia, tambaqui, pacu, tambacu, pirapitinga e tambatinga são peixes com excelentes “virtudes gastronômicas”, mas pouco presentes na mesa da população. Segundo o IBGE, o brasileiro consome em média 9,5 kg de peixe por ano, ante uma média mundial de mais de 20 kg/habitante/ano. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), por sua vez, recomenda que o ser humano ingira 12 kg/hab/ano.
A explicação para o baixo consumo, segundo os produtores, vem da própria cultura de consumo do brasileiro, mais afeito às carnes de gado, frango e suíno. Além disso, a piscicultura nacional ainda está se firmando como indústria, com boas possibilidades de crescimento. Por isso, a Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR) está lançando uma campanha justamente para incentivar o consumo interno do produto.
Segundo Mauro Tadashi Nakata, diretor da PEIXE BR, o consumo interno absorve mais de 90% da produção nacional, principalmente de tilápia. “Existe um movimento inicial de exportação, principalmente de tilápia, mas ainda não é significativo”, explica. Quase a totalidade da produção é de peixes no país é de água doce. Dos 9,5 kg per capita consumidos hoje, apenas 1/3 é de peixes de cultivo produzidos no Brasil. A maior parte é cultivada em outros países, entre elas o panga e o salmão.
Mas a maior concorrência da piscicultura não são os pescados, e sim as proteínas tradicionais dos rebanhos de corte. Para Nakata, no entanto, o aumento do consumo de peixe seria a principal mola para incentivar a produção e o consumo nacional.
Nesse cenário, o Paraná seria o mais beneficiado, já que a Região Oeste do estado é o principal polo de peixes cultivados do país (leia-se tilápia), seguida da Região Noroeste de São Paulo. No caso de peixes nativos, chamados de redondos, a produção se concentra em Rondônia e Mato Grosso. Em 2017, o Paraná produziu 112 mil toneladas de peixe, aumento de 19,3% em relação a 2016. O estado representa 16% da produção nacional.
Em 2017, a cooperativa C.Vale inaugurou em Palotina, no Oeste do estado, o maior abatedouro de peixes do Brasil. Construída em tempo recorde, apenas nove meses, a nova indústria consumiu R$ 110 milhões em investidos.
Ministério extinto
A extinção do Ministério da Pesca e Aquicultura, em 2015, atrapalhou um pouco os planos de expansão do setor, pois travou alguns licenciamentos de propriedades para exercerem a piscicultura. Atualmente, a atividade está vinculada à Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca, ligada à Secretaria-Geral da Presidência da República. “Agora, com a troca de governo vai começar um ciclo novo e as coisas devem voltar à normalidade”, afirma Nakata.
Um dos argumentos dos produtores para abrir o apetite da população é de que a carne de peixe é mais saudável, além de ser um alimento rico em nutrientes. Para isso, as ações da campanha envolvem sensibilizar e engajar os vários agentes da cadeia produtiva, como produtores, indústrias, varejistas, restaurantes e food service.
A cadeia da piscicultura, segundo a PEIXE BR, gera 1 milhão de empregos diretos em todo o Brasil. Em 2017, a produção nacional atingiu 691.700 toneladas, sendo 51,7% de tilápia (357.639 t), 43,7% de peixes nativos (302.235 t) e 4,6% (31.825 t) de carpas e trutas. A produção do setor cresceu a taxas médias de 10% ao ano na última década, mas pode crescer ainda mais, segundo os produtores.