Os argentinos da Biogénesis Bagó, terceira maior empresa da América Latina na área de saúde animal, anunciaram durante a 40ª Expointer, que termina neste domingo (3), no Rio Grande do Sul, que irão investir R$ 30 milhões na operação brasileira da empresa, que tem sede em Curitiba.
Outros R$ 80 milhões serão investidos na fábrica de vacinas da Biogénesis na Argentina, de olho no fornecimento para o mercado brasileiro de 300 milhões de doses por ano, em que Santa Catarina é o único estado livre de febre aftosa e não precisa fazer campanha de vacinação. Com recursos próprios, a Biogénesis completa a ofensiva de expansão internacional marcada pela inauguração, no ano passado, de uma fábrica de vacinas na China, em parceria com um investidor local.
Os investimentos na América do Sul e na Ásia fazem da Biogénesis o maior fabricante mundial de vacinas contra a febre aftosa. A empresa atua no segmento há quase 70 anos e orgulha-se de ser credenciada como banco de antígenos para os Estados Unidos, México e Canadá, em caso de surgimento da doença na América do Norte.
Na fábrica chinesa, batizada de Yangling Jinhai Biotecnologia Co., foram investidos quase R$ 200 milhões que vão possibilitar a produção de 400 milhões de doses de vacina por ano. A China demanda dois bilhões de doses anuais, o que corresponde a 66% da demanda global por vacina contra febre aftosa. O país é dono de metade da população de suínos no mundo (700 milhões) e possui um rebanho bovino de 110 milhões, que corresponde ao dobro do argentino e metade do brasileiro.
Os investimentos no Brasil, segundo o presidente da Biogénesis Brasil, Marcelo Alejandro Bulman, serão principalmente na ampliação da equipe de profissionais de campo, em ferramentas de marketing e programas de relacionamento para alcançar todos os elos da cadeia produtiva. “Se os pecuaristas brasileiros conseguissem aumentar em 100 gramas o ganho de peso diário dos animais, o país duplicaria a produção de carnes”, diz Bulman.
Segundo o executivo, a nova composição da vacina contra aftosa solicitada pelo Ministério da Agricultura, para evitar reações alérgicas, deverá chegar ao mercado apenas no final de 2018, após cumprir as etapas de formulação, testes e registro. A vacina combaterá dois vírus apenas (o vírus tipo C será retirado porque não circula no país há dez anos), com redução da dose de 5ml para 2ml e eliminação do adjuvante saponina.
Sobre a decisão do Paraná de encerrar as vacinações contra febre aftosa em maio do ano que vem, Bulman diz que se trata de estratégia de governo que deve ser respeitada. No entanto, o “efeito colateral” poderá ser uma diminuição do uso de outros produtos veterinários e uma piora no cuidado sanitário do rebanho.
“Muitos produtores não vão mais levar os animais duas vezes por ano para o curral, não vão fechar o gado. Corremos o risco de voltar a uma realidade de 40 anos atrás, em que só se buscava o gado na hora de encaminhar para o abate”, alerta Bulman.
* o repórter viajou a convite da organização da Expointer
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