Maior produtor de frango do Brasil, responsável por 31% do abate nacional no ano passado, o Paraná viu mais um frigorífico suspender as atividades em 2016. Depois das unidades da Averama e da Globoaves, foi a vez do grupo GTFoods entrar com pedido de recuperação judicial no início de agosto. Com 11 mil funcionários, o frigorífico afirmou que a medida é resultado do aumento excessivo dos custos de produção, com destaque para a alta no preço da soja e do milho, principais insumos utilizados na ração.
De acordo com a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Suínos e Aves), apesar da queda de 7% em julho, em relação ao mês anterior, o custo de produção subiu mais de 25% no acumulado dos últimos 12 meses. O gasto com a nutrição das aves, que representa 70% dos custos totais, foi o vilão mais uma vez, com um aumento de 25% em um ano e 13% desde janeiro.
Atualmente, os grãos se tornaram uma fonte de especulação financeira. É difícil saber o que vai acontecer a médio e longo prazo
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o preço pago pelo milho era de R$ 20,74 em julho de 2015 e chegou a R$ 39,98 em maio desse ano. Com a entrada da safrinha do cereal e a desvalorização do dólar frente ao real, as cotações cederam e hoje a saca é vendida a R$ 34,69. “O valor da ração caiu 6,7% ante junho, mas ainda está caro para os avicultores. O milho consumido hoje foi adquirido quando as cotações estavam nas alturas. O que for comprado agora será sentido nos custos daqui 60 dias”, explica o economista da Embrapa, Ari Jarbas Sandi.
Crise
A GTFoods ressaltou, em nota, que a diminuição do consumo de carne também foi prejudicial. “A taxa de câmbio explodiu no momento da comercialização do milho e impulsionou as exportações. Sem milho no mercado interno, os preços registraram patamares históricos. Aliada a isso, a desaceleração da economia reduziu o poder de compra e a população passou a consumir menos frango”, explica Sandi.
O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) pontua que a instabilidade política e econômica do Brasil tem impacto direto nesse cenário: “as empresas têm optado pela recuperação judicial que permite o cumprimento das responsabilidades, tendo a oportunidade de renegociar os déficits e se reestruturar daqui para frente”.
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