Já chega a 17 o número de países europeus atingidos pelo escândalo alimentar que levou à destruição de milhões de ovos por suspeita de contaminação com o inseticida fipronil. No Brasil, o inseticida é utilizado em diversos cultivos agrícolas - como milho, soja, arroz e feijão - sendo bastante popular, também, pela eficiência no combate a pulgas e carrapatos em cães e cachorros.
O problema é que a substância foi utilizada de forma ilegal para desinfetar aves na Holanda e na Bélgica, contrariando a proibição do uso do fipronil em produtos destinados à alimentação humana..
Segundo informações do diário El País, da Espanha, a principal suspeita é que a substância tenha sido utilizada em granjas para tratar o ácaro roxo, um parasita das aves. A partir das penas, o conteúdo teria passado aos ovos, acessando o interior do alimento.
Com isso, os Países Baixos e a Bélgica, fortes exportadores de ovos, acabaram ‘distribuindo’ a contaminação pela União Europeia, além de Suíça e Hong Kong.
Alimentos que utilizam o fipronil
No Brasil, o fipronil é liberado para algumas situações - ainda que seja considerado altamente tóxico pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), sobretudo para peixes, pássaros e invertebrados aquáticos e moderamente tóxico para pequenos mamíferos.
Em tese de doutorado sobre o fipronil, a doutora em ciências Raquel Bonatto do Amaral destaca que ele pode ser empregado em culturas como batata, cana-de-açúcar, milho, algodão, arroz, soja, cevada e feijão: “O fipronil é também utilizado no uso doméstico e veterinário contra baratas, formigas, pulgas e carrapatos”.
“Uma das maiores preocupações quanto ao uso do fipronil no combate aos carrapatos é a contaminação do leite, da carne e do meio ambiente, como por exemplo, o solo e os rios por meio do descarte dos seus resíduos”, informa o texto apresentado ao Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP).
Fipronil: qual é o risco para saúde?
Em alguns países, o ‘apelido’ do fipronil é Exterminador, pela sua alta eficiência contra insetos como formigas e ter forte ação até mesmo contra baratas. Para os seres humanos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o pesticida como moderadamente perigoso, pois o consumo pode afetar o sistema hepático, renal e a tireoide, além de causar vertigens, náuseas e vômitos.
Para pessoas adultas, não há risco comprovado de que o fipronil cause câncer. “Em relação à saúde humana, existem poucos estudos, contudo células humanas foram usadas em alguns estudos de carcinogenicidade nos quais nenhum efeito adverso foi detectado”, destaca a tese de Raquel Bonatto.
Apesar disso, a autora informa: “a exposição por um pequeno intervalo de tempo pode causar sérios efeitos sobre o desenvolvimento de fetos, tanto de animais como de humanos e, após o nascimento, são observadas sequelas como dificuldade de aprender, diminuição dos reflexos, esterilidade, além do aumento da suscetibilidade para câncer e outras doenças”.
Até o momento, não há notícias de intoxicação humana causada pelo fipronil. Uma reunião da Comissão Europeia foi marcada para dia 26 de setembro, a fim de esclarecer os fatos, e a porta-voz da entidade, Mina Andreeva, se adiantou: “Vamos ser claros, isso não é um comitê de crises”. Ela diz que a reunião ficou para o próximo mês para que haja uma distância dos fatos que provocaram o problema.
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