A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia poderá beneficiar o Paraná, maior produtor e exportador de carne de frango do Brasil, responsável por 36% dos embarques do produto. A expectativa é que, se confirmado o Brexit, o Reino Unido adote regras mais flexíveis e uma postura mais aberta em relação às importações de outros países em meio à diminuição da oferta do bloco europeu.
Com uma produção de 3,6 milhões de toneladas e um abate anual de 1,8 bilhão de aves, 60% tem como destino o mercado externo, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. “Graças à sanidade animal e à boa qualidade do frango paranaense, as exportações têm tido uma boa performance”, afirma o técnico do Deral, Roberto de Andrade Silva.
A carne de frango é o segundo produto mais exportado pelo Paraná, atrás apenas da soja. Atualmente já são 155 países compradores, com destaques para Arábia Saudita, com 22% de participação, União Europeia (13%), China (11%), Japão (9%) e Emirados Árabes (9%).
“O Reino Unido já conhece a carne de frango brasileira e esse deve ser o momento para que o país tente, por meio da área de relações internacionais, ampliar mercado. O frango paranaense é competitivo, tem qualidade e sanidade”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.
Estudo
Segundo levantamento realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) , o Brasil ocupa a terceira colocação entre os maiores exportadores de carne industrializada de frango para o Reino Unido.
Em 2015, o país respondeu por 10,2% dos US$ 1,26 bilhão importados em carne de frango industrializada pelos britânicos, atrás de Tailândia, com 45,2%, e dos Países Baixos, com 12,9%. Mas ainda não está entre os principais exportadores de carne de frango in natura para o Reino Unido, mercado que movimenta US$ 1,3 bilhão por ano.
De acordo com Martins, ainda não há como prever o volume de aumento das exportações a partir do Brasil, mas a expectativa é que o Reino Unido, assim que assumir definitivamente sua saída, acelere novos acordos comerciais com países fora da União Europeia. “Os britânicos são grandes consumidores de carne de frango e precisarão dessas importações. Parte do frango vendida ao Reino Unido vem dos Países Baixos, que por sua vez importam do Brasil. A tendência é que não haja mais essa intermediação”, diz.
“A cadeia da avicultura é importante para o estado, gera muito emprego e é extremamente competitiva, graças à estrutura integrada, com forte participação do pequeno produtor, dono dos aviários, e das cooperativas, que fazem a agroindustrialização”, diz o economista e diretor presidente do Ipardes, Julio Suzuki Júnior.
Essa estrutura , combinada à boa oferta de insumos, como o milho, e aos investimentos em sanidade animal, colocou o Paraná no topo do setor, responsável por 31% da produção nacional no primeiro trimestre de 2016.
“O Paraná já é o maior produtor de carne de frango desde o início dos anos 2000, mas atingiu, nesse ano, a participação recorde”, afirma Suzuki Júnior. Dados do IBGE mostram que nos primeiros três meses do ano produzidas 1,016 milhão de toneladas no Paraná.
De acordo com o Sindiavipar, 737,4 milhões de cabeças de frango já foram abatidas de janeiro a maio de 2016, 11,8% mais do que no mesmo período do ano passado.