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Sem ração, 64 milhões de aves já foram sacrificadas. Produtores pedem ajuda a Temer

Caso veículos com insumos  não cheguem às propriedades avícolas, mortes de aves podem chegar a 1 bilhão já nesta semana | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Caso veículos com insumos não cheguem às propriedades avícolas, mortes de aves podem chegar a 1 bilhão já nesta semana (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Com prejuízo estimado em R$ 3 bilhões pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), produtores d e aves e suínos foram neste domingo (27) entregar uma carta de manifestação ao presidente Michel Temer. A entidade estima que 64 milhões de aves já foram sacrificadas por falta de ração e insumos presos nas estradas durante a greve dos caminhoneiros.

De acordo com a ABPA, nos próximos cinco dias, 1 bilhão de aves e 20 mil suínos podem morrer por falta de alimentos. A região mais atingida é a Sul.

“Estamos aqui para pedir uma ação imediata. Já está havendo canibalização. Precisamos que os caminhoneiros deixem passar comida”, disse o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, que entregará a carta na Casa Civil.

Segundo Santin, o sistema de produção pode entrar em colapso nos próximos três dias. Além disso, começa a haver risco para a saúde pública por não ter onde enterrar tantos animais sacrificados.

“Estamos no limite de causar um desastre ambiental e de saúde pública”, disse o diretor-executivo.

Segundo Santin, outra preocupação é em relação à produção voltada para o exterior, que segue normas de bem-estar dos animais. Se a situação se prolongar, os produtores poderão ter as vendas externas afetadas.

Mais cedo, os produtores receberam o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo), que informou a eles que o governo estava negociando com os caminhoneiros.

Na carta entregue ao governo, a ABPA reforçou que a mortandade animal já é uma realidade devido à falta de ração e de espaço, em consequência da paralisação nos transportes.

A associação também diz que, por falta de condições de transporte pelas rodovias brasileiras, milhares de toneladas de alimentos estão ameaçadas de perderem prazo de validade, enquanto o consumidor já enfrenta a escassez de produtos.

Com risco de canibalização e condições críticas para os animais, 64 milhões de aves adultas e pintinhos já morreram, e um número maior deverá ser sacrificado em cumprimento às recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal e das normas sanitárias vigentes no Brasil.

Unidades frigoríficas paralisadas

Segundo a associação, os reflexos sociais, ambientais e econômicos são incalculáveis. Hoje, a ABPA registrou 167 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas. Mais de 234 mil trabalhadores estão com atividades suspensas.

A associação diz que as dificuldades enfrentadas pelo setor terão impacto nos consumidores.

“As carnes suína, de frango e os ovos, proteínas que antes eram abundantes e com preços acessíveis, poderão se tornar significativamente mais caras ao consumidor caso a greve se estenda ainda mais. “A mortandade cria uma grave barreira para a recuperação da produção do setor nas próximas semanas e meses”, disse a ABPA em seu nota.

A ABPA representa 150 empresas e quase 100% do setor de aves e de suínos do Brasil. A organização diz que não tem poupado esforços para garantir o bem-estar animal e minimizar as consequências da greve dos caminhoneiros.

Segundo ela, consequências da greve criaram desabastecimento e pararam produções.

A ABPA diz que a situação é caótica não só para o mercado nacional. Aproximadamente 100 mil toneladas de carne de aves e de suínos deixaram de ser exportadas na última semana. O impacto na balança comercial já é estimado em US$ 350 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão).

“É importante que todos saibam: após o final da greve, a regularização do abastecimento de alimentos para a população poderá levar até dois meses”, disse a ABPA em nota.

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