O ministro da Economia e do Planejamento da Arábia Saudita, Mohammed Al Tuwaijri, disse que a suspensão de importação de carne de frango de 33 frigoríficos do Brasil “é cíclica”.
Demonstrando estar bem inteirado do caso, Al Tuwaijri logo negou a relação da medida saudita com a intenção do presidente Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
“Esses movimentos já ocorreram antes”, lembrou o ministro.
O país, que é o maior comprador do produto brasileiro, já havia interrompido em 2017 importações de frango quatro unidades do país.
Na atual lista das plantas, constam unidades da JBS e da BRF. Apesar dos vetos, 25 unidades brasileiras, responsáveis por 63% das vendas aos sauditas em 2018, ainda têm autorização para exportar.
O ministro saudita não disse quando as compras dos frigoríficos embargados pela Autoridade Saudita de Alimentação e Medicamentos (SFDA, na sigla em inglês) serão restabelecidas.
No início da semana, o presidente interino Hamilton Mourão já havia refutado que a decisão saudita tivesse relação com os planos de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém. ““O dado que eu tenho, que não é confirmado ainda é de que eles pretendem também produzir frangos lá na Arábia Saudita. Óbvio que vai sair mais caro, mas eles têm dinheiro”, disse. Mesma leitura do quadro fez o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, para quem o episódio representa um movimento de proteção do mercado doméstico, já que a Arábia Saudita vem incrementando a produção local de frangos.
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Essa compreensão mais “técnica” do imbroglio não é unânime. Em Davos, o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amr Moussa disse que a decisão saudita foi, sim, uma retaliação ao posicionamento político do novo governo brasileiro. “O mundo árabe está enfurecido (com o Brasil)”, afirmou Moussa no início da semana. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil”.
O empresário Ali Saif, que supervisiona a certificação de abate halal em dezenas de frigoríficos brasileiros, diz que é difícil separar totalmente a questão técnica da motivação política. “A Arábia Saudita não relacionou a suspensão dos frigoríficos à mudança de capital em Israel, mas fica difícil negociar de forma amigável quando as relações não são tão amigáveis”.
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