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União Europeia proíbe importação de frango de 20 frigoríficos brasileiros

Medida obrigará frigoríficos a buscar novos mercados e ajustar linha de produção | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Medida obrigará frigoríficos a buscar novos mercados e ajustar linha de produção (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

Os membros da Comissão Europeia decidiram nesta quinta-feira (19), por unanimidade, descredenciar 20 unidades brasileiras exportadoras de carne de aves para o bloco europeu. A informação foi confirmada por um porta-voz da Comissão de Saúde e Segurança Alimentar da União Europeia. A suspensão atinge principalmente a exportação de carne de aves das unidades da BRF, dona das marcas Perdigão e Sadia.

Em nota, o porta-voz afirma que a medida proposta pela Comissão refere-se a “deficiências detectadas no sistema de controle oficial brasileiro” e que a medida começará a valer 15 dias após a publicação oficial.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a medida atinge 12 frigoríficos da BRF e 8 de outras empresas. Ricardo Santin, vice-presidente da ABPA, já previa o descredenciamento, que, segundo ele, é resultado de “barreiras comerciais disfarçadas de sanitárias” e foi baseado em “problemas laboratoriais de três anos atrás e de rastro de salmonela, detectado há um ano e meio, que não causa prejuízo à saúde”.

A União Europeia manteve o credenciamento de outras 39 unidades brasileiras, garantindo assim o suprimento de carne de frango que não conseguiria obter no mercado interno nem de outro fornecedor internacional.

No ano passado, o Brasil produziu 13,1 milhões de toneladas e exportou 4,3 mi de t. Atualmente, o país é o maior exportador da proteína no mundo. E o Paraná é o maior produtor e exportador brasileiro de frango. Só em 2017, o estado abateu em torno de 1,79 bilhão de aves e exportou 1,57 milhão de toneladas.

A ABPA contratou um escritório de advocacia para subsidiar a reclamação formal que o governo brasileiro deverá fazer à Organização Mundial do Comércio. A determinação de acionar a OMC foi revelada no início da semana pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que retornou de negociações em Bruxelas convencido de que os europeus iriam mesmo bloquear a carne brasileira por motivos comerciais, mas alegando preocupações sanitárias.

Desde ontem, as ações da BRF, maior exportadora mundial de frango, dona das marcas Sadia e Perdigão, se recuperavam na Bolsa após a indicação de Pedro Parente para presidir seu Conselho de Administração. Em apenas um dia, a companhia chegou a se valorizar em R$ 1,7 bilhão. Os ganhos foram interrompidos com a notícia do embargo europeu.

Efeitos diferentes

Ricardo Santin, da ABPA, afirmou ao site G1 que a proibição deverá levar a um excesso de frango no Brasil e falta de produto na Europa, provocando queda nos preços aqui e aumento lá. Ainda como consequência, os frigoríficos devem tomar medidas adicionais para reduzir a produção, como férias coletivas, diminuição do plantel de aves e até demissão de trabalhadores.

Desde a primeira etapa da Operação Carne Fraca, há um ano, os europeus reforçaram as inspeções sanitárias da carne importada do Brasil. Na Operação Trapaça, segunda fase da Carne Fraca em março deste ano, a BRF foi acusada de fraudar laudos laboratoriais para esconder a presença de salmonela no frango exportado. Após a operação, o ministro Maggi realçou que as irregularidades não envolviam risco à saúde da população, porque “a salmonela desaparece quando cozida ou frita a uma temperatura de 60º”.

Para evitar uma medida drástica por parte do bloco europeu, o governo brasileiro chegou a decretar um autoembargo à exportação em 10 fábricas da BRF. O embargo foi retirado nesta semana, às vésperas do novo veto europeu.

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