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Churrasco ameçado

Preço do boi segue em viés de alta no PR

Crise mudou consumo, diz Edson Barros de Souza do Grupo KF. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Crise mudou consumo, diz Edson Barros de Souza do Grupo KF. (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

O consumidor que já havia reduzido as compras de carne bovina por causa dos preços altos vai continuar segurando o consumo por um bom tempo. Isso porque a tendência é que os preços no varejo subam mais. Após acumular uma valorização de 27% em um ano, chegando a picos de R$ 155 por arroba no campo, o mercado prevê que a escalada no preço do boi ainda não chegou ao fim. O quadro gera uma reação em cadeia, provocando preocupações no campo, reduzindo o fluxo dentro dos frigoríficos e pressionando as vendas dos açougues.

O coordenador do Laboratório de Pesquisas em Bovinocultura da UFPR (Lapbov), Paulo Rossi, projeta que o valor da arroba do boi ainda pode chegar a R$ 158 no Paraná. Isso representa 4% de incremento em relação a média atual do estado (R$150/arroba). “Temos um cenário com elementos bastante altistas. A oferta de animais é muito apertada porque os frigoríficos estão praticamente sem escala, os custos de produção estão muito altos e consumo baixíssimo”, contextualiza.

O quadro faz a indústria temer menos vendas, diz o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. “Até o final do ano o preço se manterá estável pela dificuldade do consumo, pelas exportações que não tem preços e pela oferta limitada de boi.”

Na prática a alta também favorece os pecuaristas de forma limitada, indica a analista da Scot Consultoria, Isabella Camargo. “Acreditamos em uma virada de ciclo. Vai ser um ano bom, mas não como 2015”, considera.

Pesa contra os produtores a alta nos custos de produção. O pecuarista André Carioba, de Santo Sebastião da Amoreira (Norte), revela que não houve salto na rentabilidade do boi. “Não vai ser um ano fácil. Gostaria de fazer novos investimentos e aumentar meu rebanho, mas isso depende da oferta de animais que está restrita. Temos que ter muita cautela”, diz.

Os problemas chegam ao varejo, onde já há forte queda nas vendas. O sócio proprietário do Grupo KF, Edson Barros de Souza, diz que o consumo de carne caiu de 15% a 20%. “Nosso cliente não parou de comprar, mas ele diminuiu a quantidade e opta por cortes diferentes, com um custo mais acessível”, diz.

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