Negociação para o fechamento da planta fabril ocorria desde o ano passado, quando a Marfrig relatou escassez de gado na região para sustentar a fábrica.| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

A gigante multinacional da carne Marfrig confirmou nesta quarta-feira (28) que vai fechar um de seus frigoríficos de abate bovino, na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul. O anúncio foi feito em uma reunião, no Palácio Piratini, em Porto Alegre, com a presença de diretores internacionais da empresa, membros do governo gaúcho e representantes do Sindicato Rural de Alegrete. A planta vai fechar as portas já em janeiro de 2017, sem ter ainda uma data exata definida. O futuro dos mais de 600 funcionários que atuam no local ainda está indefinido.

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A negociação para o fechamento da planta fabril ocorria desde o ano passado, quando a Marfrig relatou escassez de gado na região para sustentar a fábrica. Na ocasião, houve um acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Alegrete. Nele ficou definido que a empresa seguiria por mais um ano de portas abertas. “A Marfrig reitera que cumpriu integralmente com o acordo judicial firmado em 05/02/2015 e, que devido às condições existentes em 2014 terem se agravado, mantém sua decisão inicial de encerrar as atividades da planta industrial de Alegrete tendo, para tanto, previamente contatado o respectivo Sindicato e Ministério Público do Trabalho”, disse a empresa em nota (confira o documento na íntegra ao lado).

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Marfrig: posicionamento

“A Marfrig informa que, no final de 2014, iniciou negociação para encerramento das atividades da planta industrial de Alegrete junto ao Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Alegrete. Como parte da negociação, em 05/02/2015, firmou perante o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região acordo judicial para manter em atividade a planta industrial de Alegrete, por período de pelo menos um ano, com no mínimo 300 postos de trabalho. Tal acordo foi firmado pelo referido sindicato e CNTA, bem como contou com a participação do Ministério Público do Trabalho, que na ocasião se obrigou a desistir de ação judicial semelhante a atualmente proposta. A Marfrig reitera que cumpriu integralmente com o acordo judicial firmado em 05/02/2015 e, que devido às condições existentes em 2014 terem se agravado, mantém sua decisão inicial de encerrar as atividades da planta industrial de Alegrete tendo, para tanto, previamente contatado o respectivo Sindicato e Ministério Público do Trabalho. Não obstante, tomará todas as medidas cabíveis frente a essa nova liminar ora expedida e continuará em contato com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Alegrete respeitando todos os requisitos legais referentes ao processo de encerramento. Com o encerramento da unidade de Alegrete, a Companhia busca viabilizar a operação de suas outras unidades no Estado.”

Durante a reunião, o Grupo Marfrig disse que vai manter o funcionamento de outras duas plantas do frigorífico localizadas, em São Gabriel e Bagé. Ambas, segundo a empresa, estão habilitadas para exportação de carne ao exterior. A empresa não descarta ainda a venda do frigorífico de Alegrete para outras empresas que estejam interessadas em assumir a planta do grupo.

Em comunicado em uma rede social, o presidente do Sindicato Rural do Alegrete lamentou o anúncio. “Estamos prevendo incremento de 2% nos abates de bovinos neste ano [na região de fronteira], especialmente nos frigoríficos de inspeção federal, que é o caso do Marfrig. Oferta de gado existe na região.”, garantiu Pedro Píffero. No mesmo texto, o sindicato informou que pretende se reunir nos próximos dias com representantes de frigoríficos interessados em assumir a planta do frigorífico do Marfrig, no Alegrete.

Justiça do Trabalho suspende demissão de funcionários

A Justiça do Trabalho determinou nesta quarta-feira (28) a suspensão da demissão 648 trabalhadores do Frigorífico Marfrig, de Alegrete. A decisão foi proferida após o Sindicato da Alimentação ingressar com ação na Justiça. De acordo com o próprio sindicato, as demissões estão proibidas até se estabelecerem negociações entre patrões e empregados sobre o que vai acontecer com os empregos, com multa é de R$ 100 mil caso a decisão seja descumprida.