Depois das decepções em 2006, 2010 e 2014 (isso, claro, sem nem falar em 7 a 1), parece que finalmente o brasileiro tem motivos para acreditar no hexa.
Já são 16 anos de espera, mas que seriam totalmente dispensáveis caso a gente torcesse para touros. Isso, touros. E não, não estamos falando de tourada: no começo do ano, um reprodutor brasileiro ganhou o campeonato mundial da raça Brahman, uma das mais populares na pecuária internacional e única zebuína presente em todos os continentes.
O torneio foi realizado em janeiro por uma das maiores feiras do segmento, a Fort Worth Stock Show & Rodeo, no Texas, Estados Unidos, berço da raça. O brasileiro “CABR Mussambe 2264” – de menos de quatro anos e cria da Casa Branca Agropastoril, do Sul de Minas Gerais – deixou para trás a concorrência de norte-americanos e sul-africanos, de forma unânime.
O que os quatro jurados avaliaram na base do “olhômetro”, amparados apenas por uma ficha técnica, foi resultado de um longo trabalho de seleção genética feito pelo grupo que tem sede em Silvianópolis (MG), na região de Pouso Alegre. “Agora ele está dando dinheiro pra gente”, brinca o gerente da Casa Branca, Heitor Pinheiro Machado.
E não é para menos. O “Legado Brahman” nas cinco fazendas do grupo começou em 2008, quando eles foram buscar nos EUA embriões de alto padrão genético. A bagatela? US$ 2 milhões ou mais de R$ 6,5 milhões, em valores atuais. Geração após geração, características de resistência, fertilidade e ganho de peso tem se acentuado no rebanho, dedicado exclusivamente à comercialização de reprodutores e que chegou ao ápice com o Mussambe.
“O prêmio no Texas foi uma coisa muito boa para nós, a procura pelo sêmen dele está incrível, vem de toda a América do Sul”, diz Machado. E haja doses: o lançamento oficial do “sêmen campeão” será somente durante a Expozebu, em Uberaba (MG), no final de abril, contudo, das 5 mil doses que estavam disponíveis, não sobrou nada: já foram todas negociadas. Agora, a expectativa do grupo é repetir o feito com um novo lote.
O preço médio por dose do Mussambe é de R$ 50, mais que o dobro na comparação com outros reprodutores. “Tínhamos sugestão de até R$ 70, mas por política nossa, preferimos manter nesse valor”, acrescenta o gerente da Casa Branca. Além disso, a metade dos direitos sobre o touro, vendida antes do título mundial por R$ 70 mil, hoje valeria mais de R$ 300 mil.
“É um orgulho pelo trabalho, o vimos nascer”, frisa Machado. “Esse título veio em boa hora. Nosso objetivo era internacionalizar a marca, com a América do Sul e Central. E isso facilita muito, pipocou na internet. E já tivemos duas procuras do México.”
Passo além
E se no futebol vale aquele ditado de que “em time que está ganhando não se mexe”, na pecuária a história é outra. Mexe-se e muito para manter o padrão do rebanho elevado. Tanto que a Casa Branca resolveu criar seu próprio programa de edição genômica.
Os trabalhos já vêm sendo desenvolvidos há cerca de um ano, com mais de R$ 500 mil investidos. O DNA das 5 mil cabeças (além do Brahman, o grupo cria as raças Angus e Simental) já foi mapeado. A ideia é encontrar genes responsáveis, por exemplo, pela resistência ao carrapato e pelagem mais curta, ideal para regiões mais quentes. “É um trabalho de longo prazo, não sabemos aonde vai chegar”, pondera Heitor Machado. Quem sabe a um novo campeonato mundial? “É o nosso sonho”, diz ele, sorrindo. E alguém duvida?
* O jornalista viajou a convite do Road Show, organizado pela Texto Comunicação Corporativa.
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