A Agência Estadual de Defesa Sanitária e Animal (Iagro), do Mato Grosso do Sul, confirmou a morte de mais de 1,1 mil cabeças de gado nesta segunda feira (7), no município de Rio Pardo, a 100 km da capital Campo Grande. Outra fonte informou à Gazeta do Povo que 1,6 mil animais teriam morrido.
A principal suspeita é que os animais tenham contraído botulismo. Em nota, o pecuarista Persio Ation Tosi, responsável pela Fazenda Monica Cristina, onde a situação ocorreu, destaca que as mortes estão estabilizadas e que a contagem final está sendo apurada.
O diretor do Iagro, Luciano Chiocheta, explica que o caso aconteceu quando os animais estavam confinados e informa que até o momento não há registro da doença em outras propriedades. “Recebemos uma notificação de alta mortalidade e confirmamos as mortes, que vêm acontecendo desde quinta-feira (3)”, conta. O rebanho estimado é de 1,7 mil animais e o prejuízo aproximado é de R$ 2 milhões, segundo o diretor.
Os bovinos estão sendo enterrados na fazenda onde as mortes aconteceram. “Todas providências pertinentes foram tomadas, enterrando os animais em valas de 4 metros de profundidade, em uma verdadeira operação de guerra”, destaca a nota do pecuarista.
O caso está sendo avaliado pela Iagro com o apoio da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), que deve realizar análises clínicas. A reportagem entrou em contato com o Laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da UFMS, que se recusou a dar qualquer informação.
O botulismo bovino é uma doença causada pela bactéria Clostridium botulinum, que libera a toxina botulínica no corpo do ser vivo afetado. A causa provável foi a contaminação por meio de bolor ou mofo na ração animal, mais especificamente na silagem de milho em grãos, segundo Chiocheta.
“É importante esclarecer que é uma suspeita de doença infecto-contagiosa e que não é transmissível de animal para animal, nem para o ser humano”, revela o diretor.
A outra fonte entrevistada pela Gazeta do Povo confirma que não há risco de transmissão de animal para animal, nem para humanos. “É como uma intoxicação alimentar comum”, explica. Neste caso, contudo, a intoxicação é severa, levando rapidamente o animal à morte .
Em nota técnica divulgada em conjunto na tarde desta terça-feira, o Iagro, a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul e o Ministério da Agricultura (Mapa) informaram ainda sobre a possibilidade de outras enfermidades animais: “No Complexo de Doenças Nervosas que acometem os bovinos, temos inúmeras. Entre as principais estão o botulismo, intoxicações fúngicas, raiva, dentre outras”.
Neste sentido, os órgãos oficiais ainda esclarecem sobre a possibilidade de botulismo bovino, revelando que a toxina botulínica “se liga à neuroreceptores presentes na musculatura, impedindo contração muscular, causando paralisia flácida e levando a óbito. Os sintomas clínicos aparecem de 1 a 17 dias após a ingestão do alimento contaminado, dependendo da quantidade de toxina ingerida pelo animal”.
Em seres humanos, a intoxicação por botulismo também ocorre por meio de alimentos e pode levar a óbito.
Confira abaixo o vídeo recebido pela Gazeta do Povo na fazenda em que ocorreram os casos: