A carne bovina produzida no Paraná poderá alcançar mercados novos e mais rentáveis a partir de 2016. Hoje, durante lançamento da segunda etapa da companha contra aftosa, representantes do governo, entidades ligadas aos produtores rurais e pecuaristas e indústrias da carne irão avaliar a possibilidade do estado deixar de proteger seu plantel por meio de vacinações obrigatórias. Enquanto isso não ocorre, a intenção é imunizar o plantel estadual de 9,4 milhões de cabeça, entre bovinos e búfalos, entre os dias 1 e 30 de novembro.
Na prática, caso a medida seja adotada futuramente, haverá uma série de benefícios. O selo “sem vacinação” permitiria que a carne paranaense desperte o interesse de novos compradores, como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto. Atualmente, esses países restringem, por lei, a compra de matéria prima de fornecedores que não são livres de aftosa sem vacinação. Outro ganho é a economia gerada aos pecuaristas que não precisariam comprar as doses do remédio.
“O governo não irá impor nada. Será uma discussão entre todos os envolvidos no processo. Porém, sem vacinação, desde que algumas questões sejam atendidas, a nossa carne estará apta a competir pelos melhores mercados do mundo”, ressalta Inácio Afonso Kroetz, presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar). “Temos que progredir. O Brasil não registra um caso [de aftosa] há oito anos. Não há razão para continuar vacinando”, complementa.
As questões estratégicas mencionadas pelo executivo são o controle eficaz do trânsito de animais, dados cadastrais das explorações pecuárias e o aumento efetivo na vigilância. A Adapar aguarda a contratação de 200 veterinários aprovados recentemente em concurso. Além disso, as estruturas físicas instaladas nas divisas com Mato Grosso e São Paulo seriam reforçadas.
Caso haja um consenso de que o Paraná deve iniciar o processo para se tornar território livre de aftosa sem vacinação, o governo estadual irá encaminhar a documentação necessária para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no início do próximo ano. Como o processo demora alguns meses, as duas fases da campanha de vacinação 2015, uma no primeiro semestre e outra no segundo, estão mantidas. “Não dá tempo para 2015”, lamenta Kroetz.
Atualmente, mesmo sem acessar os mercados mais rentáveis, as exportações de carne bovina do Paraná atravessam um bom momento. Os negócios devem fechar 2014 acima das 38 mil toneladas, marca não alcançada desde 2005, quando o estado sofreu uma série de restrições comerciais após a confirmação de focos da febre aftosa.
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