Carne brasileira é estrela na Feira de Alimentos de Moscou| Foto: Sergei Karpukhin /reuters

Se a pecuária brasileira precisava de uma confirmação para destravar investimentos, ela veio da 23.ª Feira de Alimentos de Moscou. O interesse russo pelas carnes brasileiras lota qualquer palestra sobre o assunto, relata a comitiva brasileira presente no evento, que começou segunda-feira e termina hoje. E a janela aberta para o Brasil pode ser dez vezes mais rentável que a inicialmente prevista.

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O que sobra é a incerteza em relação à fidelidade da Rússia ante seus fornecedores, quebrada com embargos sanitários sucessivos a dezenas de frigoríficos desde 2011. Na prática, esses embargos estão sendo levantados agora, para compensar compras dos Estados Unidos e da União Europeia (UE), que estão suspensas por um ano como retaliação a sanções relacionadas à disputa pela Crimeia ante a Ucrânia.

A comitiva brasileira relatou suas impressões ontem pela manhã direto de Moscou, numa videoconferência realizada pela Universidade Positivo, em Curitiba.

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Os agentes russos tomam metade dos lugares nas palestras sobre carnes brasileiras e deixam os eventos lotados, contou Pedro Viana, da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, que faz parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Esse é justamente o objetivo da comitiva, que visita regularmente feiras internacionais do gênero e, muitas vezes, nota interesse principalmente pelo churrasco oferecido aos importadores.

PotencialO Brasil pode faturar de US$ 5 bilhões a US$10 bilhões a mais nas vendas à Rússia se as negociações engrenarem, estimou, também de Moscou, Gilberto Ramos, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia.

Quando Moscou proibiu importação de carnes, peixes, laticínios, frutas e vegetais dos EUA, da UE, Noruega, Austrália e Canadá, no início de agosto, o mercado aberto foi avaliado em US$ 300 milhões pelo Brasil.

Medo de nova traiçãoO Paraná informou ter condições de atender dois terços da demanda extra por carne de frango da Rússia. A suinocultura e a bovinocultura, no entanto, alegam precisar de segurança para fazer investimentos de longo prazo. Os embargos antigos pesam nessa decisão. O estado, ao lado de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, sofreu embargo da Rússia aos três tipos de carne em junho de 2011 por “questões sanitárias”.

Se Moscou voltará ou não a comprar carnes dos EUA e da UE daqui a um ano e deixar a pecuária brasileira novamente de lado, poucos arriscam prever. “Essa é a principal pergunta aqui na feira”, disse o empresário brasileiro especialista em mercado russo João Prestes. Ele considerou, no entanto, que essa janela é uma boa oportunidade para o Brasil se estabelecer enquanto alternativa de longo prazo. Hoje a principal barreira é a “falta de conhecimento mútuo”, disse.

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