Tradicionalmente, por causa das festas de fim de ano, dezembro é o melhor mês em vendas para os frigoríficos brasileiros. E em 2016 não será diferente. No entanto, em comparação com os anos anteriores, a demanda está aquém do esperado, principalmente no caso dos produtos mais nobres, como o peru e o leitão.
A crise econômica que atingiu o país – gerando desemprego e retraindo o poder de compra – derrubou a venda de carnes ao longo de 2016. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), neste ano, o consumo per capita por habitante caiu de 15,2 kg para 14,4 kg, no caso do suíno; de 43,2 kg para 41,1 kg, no frango; e para 32 kg na carne bovina. “Até o consumo de ovos registrou retração”, afirma o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.
Para piorar a situação, os frigoríficos, que esperavam equilibrar as contas e reverter as perdas que tiveram ao longo do ano por causa do aumento nos custos de produção, não vão conseguir repassar integralmente os gastos com receio dos produtos ficarem parados nas prateleiras. “Em contato com os frigoríficos, principalmente de Santa Catarina, fomos informados de um grande volume de exportação de leitões e aves natalinas para a Argentina e União Europeia. Isso ajuda a equilibrar a situação e a nivelar o consumo com o ano passado. Mas o mercado doméstico está em queda”, diz Turra.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, os frigoríficos esperavam um dezembro melhor. “A população está comendo menos e isso impacta diretamente no setor. Em novembro tivemos uma recuperação, o que aumentou as expectativas”, explica. Segundo Salazar, a margem dos supermercados é outro complicador, principalmente para os consumidores. “A cadeia produtiva se recente destas margens enormes. Se a rede varejista cedesse e diminuísse, as vendas aumentariam”, ressalta.
Entre os setores produtivos, é a avicultura quem está mais otimista. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, no caso do frango, a questão do preço é uma vantagem competitiva muito grande. “A nossa expectativa é positiva, principalmente por nosso produto ser mais acessível. É possível colocar na ceia um frango grande ao invés de um chester ou um peru, por exemplo”, diz.
Deixe sua opinião