![JBS surfa no mercado de carne dos EUA e lucra R$ 2,3 bilhões em três meses | BigStock/](https://media.gazetadopovo.com.br/2018/08/5d06dd3d96eca78c1e1828d4759a7b9f-gpLarge.jpg)
A maior fabricante de produtos a base de proteína animal do mundo, a multinacional JBS, está tirando proveito de um dos melhores momentos do negócio de carne bovina nos Estados Unidos. No segundo trimestre deste ano, a operação americana teve recorde de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 570 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões), alta de mais de 75% em relação a igual período do ano passado.
Em um ambiente de aumento na oferta de bois e demanda em alta, a JBS aposta em marcas próprias e na venda de produtos fracionados diretamente na indústria, e embalados a vácuo, para substituir o corte dos açougues.
O movimento aproveita uma tendência já consolidada no Brasil: venda de carne com marcas e redução do número de supermercados que possuem açougues próprios.
“Vem diminuindo muito a presença daqueles açougues localizados no fundo das lojas. É uma decisão do varejo que traz vantagens de segurança alimentar e reduz o desperdício. É difícil para o supermercado padronizar a qualidade e treinar funcionários para esse corte. Para nós é mais natural”, diz André Nogueira, presidente da JBS USA.
A unidade abrange todas as operações da multinacional fora do Brasil (no Canadá, no México, na Europa e na Austrália).
O executivo cita como referência deste movimento as redes Walmart e Target, que não fazem o corte no ponto de venda, distribuindo apenas os alimentos em porções nas bandejas cobertas por plástico ou nas embalagens a vácuo processadas na própria indústria fornecedora.
Nogueira não abre os números do crescimento dessas modalidades ano a ano, mas afirma que há cinco anos a empresa não produzia nenhuma embalagem do tipo para carne moída e, hoje, tem cinco fábricas especializadas na atividade, superando 90 milhões de quilos por ano.
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Mudança no formato
Pesquisas da JBS também apontam para uma mudança no formato dos pacotes.
“A bandeja coberta com plástico ainda tem a preferência do consumidor. Mas está mudando. Na carne moída está crescendo o uso do pacote a vácuo, que chamamos de tijolo, um formato mais eficiente em custo e tempo de prateleira. É nisso que estamos investindo”, diz Nogueira.
Na comparação entre os dois países, o presidente da JBS nos EUA afirma que o Brasil está na frente.
“A quantidade de carne bovina empacotada a vácuo é maior no Brasil. Nos EUA ainda tem menos marcas. É um desafio”, diz o executivo.
Há cerca de cinco anos a JBS foi pioneira na criação de marcas para a carne bovina no Brasil, um movimento que começou com a Friboi e hoje conta com Maturatta e Do Chef. O esforço continua no Brasil, onde lançou neste ano a marca premium 1953.
Nos EUA, a empresa tem marcas de carne de boi como 5 Star, 1855 e outras, mas nada comparado à relevância da marca Friboi no Brasil.
A estratégia de ganhar mercado na carne embalada nos EUA --e imprimir as logomarcas no produto-- está em linha com a estratégia adotada pela JBS no Brasil.
Com isso, o item passa a valer mais do que se a peça de carne for vendida in natura e cortada pelo açougueiro.
A reportagem visitou uma das fábricas de carne bovina da JBS no Colorado, onde as peças de bovinos são cortadas com padronização pelos funcionários para evitar o desperdício de partes consideradas mais nobres, elevando o rendimento e a lucratividade.
A empresa também se beneficia com as exportações de carne de boi in natura a partir dos EUA. O crescimento foi de 26,8% na receita entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período de 2017, de acordo com dados do USDA (departamento americano de agricultura).
Em teleconferência com analistas para tratar dos resultados, na semana passada, Nogueira afirmou que a oferta de gado nos EUA vai continuar crescendo até 2021, segundo as previsões da empresa.
Além da China, Japão, Coreia do Sul e Oriente Médio devem impulsionar a demanda externa da operação da JBS USA.
Lucro recorde
Os resultados financeiros da JBS do segundo trimestre, divulgados na semana passada, mostram a operação americana de bovinos com um recorde de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 570 milhões, alta de mais de 75% em relação a igual período de 2017.
A superação na área comercial americana dá fôlego ao esforço do grupo para virar a página após investigações envolvendo os principais acionistas, a família Batista, e diferentes empresas do conglomerado do qual a JBS faz parte, em particular a holding J&F.
A J&F já fechou acordo de leniência no Brasil, que está sob revisão neste momento. Nos Estados Unidos, ainda negocia um acordo com o Departamento de Justiça.
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