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Um aumento de 30% no consumo de carne reduziria em 4% as emissões de GEEs, diz pesquisa. | Brunno Covello/Gazeta do Povo
Um aumento de 30% no consumo de carne reduziria em 4% as emissões de GEEs, diz pesquisa.| Foto: Brunno Covello/Gazeta do Povo

Você já deve ter ouvido falar que a atmosfera está cheia de carbono em forma de gás (dióxido de carbono ou metano, por exemplo, os GEEs), o que provoca o efeito estufa e piora o aquecimento global.

No Brasil, vários estudos já mostraram que metade desses gases vêm da pecuária. Os bois emitem metano enquanto comem, por conta da fermentação do alimento enquanto eles ruminam (etapa do processo de digestão). Para o futuro, além de controlar novas emissões, o desafio é tirar do ar o excesso de carbono.

Mas como?  Você já parou para pensar? Parar de comer carne parece pouco provável. De acordo com as Nações Unidas, com dois bilhões de habitantes a mais no planeta até 2050, a produção da pecuária, na verdade, terá que dobrar.

A equação, no entanto, ganhou uma variável nova: uma pesquisa feita pelo matemático brasileiro Rafael de Oliveira Silva, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, aponta que o aumento no consumo pode ter um efeito inesperado. “Uma demanda maior aliada ao controle do desmatamento ‘forçaria’ a intensificação, ou seja, produzir mais, sem aumentar as áreas. E pastagem bem manejada gera mais alimento para um gado maior e, ao mesmo tempo, armazena mais carbono no solo”, afirma.

Efeito Estufa

A Terra é aquecida naturalmente pelos raios solares. Contudo, os gases do efeito estufa refletem e “seguram” a parcela de energia que voltaria para o espaço. Com isso, o planeta acaba ficando mais quente do que deveria. Veja um gráfico com a explicação completa em gazetadopovo.com.br/agronegócio

É o que a ciência chama de sequestro de carbono e o que basicamente toda planta faz durante a fotossíntese: absorver o elemento no ar para crescer. E quando o assunto é o campo, por planta podemos pensar, é claro, no capim. Contudo, segundo Rafael Silva, boa parte dos estudos não coloca na balança quanto carbono a pecuária pode absorver. “As emissões são superestimadas”, frisa o matemático.

O que a terra diz

Na Fazenda Figueira, de Londrina, que é ligada à Fundação Luiz Carlos de Queiroz (FEALQ), um trabalho semelhante comparou pastagens bem tratadas e áreas de mata nativa, que já atingiram equilíbrio ambiental. O resultado? Os níveis de carbono, que medem a qualidade do solo, eram praticamente iguais ou até maiores no pasto. “É a conclusão de que, no mínimo, não estamos prejudicando”, diz o pesquisador José Renato Silva Gonçalves, que administra a propriedade.

Com relação ao manejo, ele reforça que é preciso repor os nutrientes da terra e dar tempo para que o capim se recupere e cresça novamente – absorvendo carbono no processo, tirando gases da atmosfera. “O sistema a pasto é uma ‘senhora’ ferramenta para estocar carbono no solo, ele sequestra mais do que a atividade emite”, complementa.

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