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Ao gosto do freguês

Paranaenses fecham o “ciclo do cordeiro”: produzem, vendem e até assam a carne

Hoje, o restaurante serve quase 1 tonelada de carne por mês. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Hoje, o restaurante serve quase 1 tonelada de carne por mês. (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Pense em como transformar uma espiga de milho num cordeiro de 18 kg. Falando assim, parece mágica. Mas, no agronegócio, isso é real e tem até nome: produção verticalizada.

“Nosso cordeiro um dia foi uma semente de milho. Fazemos o plantio do milho, que se torna a ração da ovelha, que vai gerar os cordeiros. Após desmamar, esse cordeiro entra em fase de recria, passando para a ração, e depois para a engorda. Entre quatro e cinco meses, ele vai para o abate. E essa carne chega refrigerada aqui, toda semana temos carne fresquinha”.

Quem explica o passo a passo é Rodrigo Barros, produtor rural e dono do grupo Cordeiro Macio, que tem fazendas de ovinos na região de Uraí, no Norte do Paraná.

Recentemente, o grupo comprou um dos restaurantes mais tradicionais de Curitiba, o “Ripas e Costelas”, e, assim, fechou o ciclo produtivo do cordeiro, controlando desde o grão que alimenta os animais até carne assada que chega quentinha à mesa.

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O criador defende que a produção vertical apresenta duas vantagens primordiais, uma em cada ponta da cadeia. Do lado do consumidor, é uma garantia de origem daquilo que ele está comendo. Já para o produtor rural, a ausência de intermediários entre o campo e a mesa potencializa a renda. “Uma vez que eu coloco no mercado final, é cobrado um único ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. Se eu preciso que outras pessoas façam a distribuição e venda, esses encargos são incidentes diversas vezes”, salienta Barros. “A verticalização representa faturamento máximo possível, perde apenas para as exportações.”

No entanto, somente a origem e a rentabilidade não garantem aquilo que mais importa no prato: o sabor. Neste ponto, ser vertical também é um diferencial. Além de controlar todas as etapas do processo produtivo, o grupo tem uma noção mais precisa da demanda. Ou seja, não falta nem sobra carne no restaurante, que também funciona como um “açougue” particular, vendendo carne de cordeiro diariamente.

Os animais são trazidos do Norte paranaense e abatidos no meio do caminho. “A carne chega aqui refrigerada, e não congelada. Tudo isso dá um ganho de qualidade”, diz o empresário. “E o nosso cordeiro não entrou em fase reprodutiva, então não existe aquele mito do cheiro forte da carne. Esse é o caso de animais mais velhos, o cordeiro é muito macio.”

O sucesso se reflete nos planos de expansão. Atualmente, o restaurante – que reabriu em janeiro sob a nova direção - serve até 900 kg de carne de cordeiro por mês. “Temos uma produção em torno de 50 animais por mês e a nossa meta é chegar a 100 animais até o final do ano, isso daria duas toneladas de carne”, pontua Barros. “E tem demanda para isso. Hoje, 70% do consumo vêm da carne de cordeiro.”

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