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O zootecnista Michel Basso é um dos especialistas do Paraná na criação de ovinos | Giuliano Gomes/Gazeta do Povo
O zootecnista Michel Basso é um dos especialistas do Paraná na criação de ovinos| Foto: Giuliano Gomes/Gazeta do Povo

O Paraná começa hoje a ‘corrida do cordeiro’. Liderado por Ponta Grossa, onde acontece a 30ª edição nacional da Feira Nacional Itinerante de Ovinos (Fenovinos) e a 1ª Fenovinos Paraná, o estado busca se profissionalizar na criação e venda de carne de cordeiro. De quebra, será realizado no local o 3º Encontro Mercadológico da Carne.

Mercado de Ovinos no Brasil

Rally do Cordeiro e Rally da Pecuária movimentam os Campos Gerais

Executivo de comunicação investe na criação de ovinos

“O Brasil produz menos de 20% da carne [ovina] que consome. Todo o resto é importado”, afirma Izaltino Correia dos Santos, gerente de produção animal da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Do volume importado em 2014, ceraca de 90% foi do Uruguai. Argentina, Chile e Nova Zelândia participaram com 5%, 3% e 0,4% respectivamente, segundo o Ministério da Agricultura.

É justamente os 80% restantes do mercado que entraram na mira do Paraná. Para isso, junto com o secretário da Agricultura e Pecuária da cidade, Inovei Afonso e o presidente Sociedade Rural de Ponta Grossa, Edilson Gorte, Izaltino foi à Associação Brasileira de Criadores de Ovinos, em Porto Alegre, buscar a realização do evento nacional.

“Apresentamos o projeto e ganhamos a 30ª edição. Eles sugeriram a criação da Fenovinos Paraná, pois mostramos a grandeza do projeto”, explica o secretário.

Da esquerda para a direita: o secretário da Agricultura e Pecuária da cidade, Inovei Afonso, o presidente Sociedade Rural de Ponta Grossa, Edilson Gorte, e Izaltino Correia dos Santos, gerente de produção animal da Fazenda Escola da Universidade Estadual de Ponta GrossaGiuliano Gomes/Gazeta do Povo

Afonso espera que quase 300 pessoas por dia, vindas de todo o Brasil, passem pelo Centro Agropecuário Municipal, onde ocorrem os eventos. “Apenas duas vezes a Fenovinos foi para fora do Rio Grande do Sul, as duas aqui em Ponta Grossa”, completa.

Gorte, da Sociedade Rural, destaca a importância do projeto: “Temos que buscar novas alternativas para os produtores e essa é uma oportunidade para qualquer um. A agricultura familiar pode se beneficiar, pois a ovinocultiura não é tão complexa quanto a pecuária de corte, por exemplo, e tem baixo custo. E outra coisa: das carnes vermelhas, a de cordeiro é a mais saudável”. O primeiro passo foi dado antes da feira, com a criação de uma cooperativa para ampliar a produção: a Coopegera.

Mercado de Ovinos no Brasil

Um dos objetivos da Fenovinos é incentivar criadores a região a iniciar a produção de matrizes (fêmeas criadoras) para expandir as 650 mil cabeças de ovinos no Paraná, conforme dados do IBGE, o que representa 3,7% do efetivo brasileiro. Com 5 milhões de cabeças, o Rio Grande do Sul é o estado com a maior produção nacional de ovinos. O Brasil tem 18 milhões de cabeças dessa modalidade pecuária. Na região dos Campos Gerais, há cerca de 15 mil matrizes (2,3% do rebanho paranaense), e 80 criatórios com média de 200 animais por propriedade.

Rally com os melhores do mundo

Para a feira, que acontece de 17 a 23 de julho, um cuidado especial foi tomado na seleção de palestrantes. “Como 40% da produção do mercado mundial é da Nova Zelândia, buscamos os maiores especialistas do planeta, que são daquele país”, conta Izaltino Correia. Na lista dos palestrantes está o neozelandês Robin Hilson, ‘produtor modelo’ do país.

Direto da Espanha virá também o doutor Carlos Canuto, que irá apresentar um estudo sobre aceitabilidade de produtos cárneos. Contemplando o encontro mercadológico, o evento falará também da pecuária de corte, em geral. “O Canuto é o maior especialista sobre qualidade de carne do mundo”, afirma Gorte. Haverá ainda palestras com pesquisadores doutores do Iapar e da UFPR sobre gestão de propriedades rurais.

Como diferencial, na quarta-feira (19) também acontece o Rally do Cordeiro. Os convidados sairão em comboio ao centro de genética da Faculdades Cescage, em Ponta Grossa, pela manhã, e depois irão a uma das propriedades referência dos Campos Gerais na criação de ovinos.

Na quinta-feira (20) é a vez do Rally da Pecuária, que passará por três fazendas. O objetivo é apresentar a qualidade da pecuária na região e incentivar o comércio de gado e carne, inclusive com a presença de restaurantes que estarão presentes no evento.

“Em Ponta Grossa teremos a vantagem do comércio e leilão de animais de todo o Brasil, o que não acontece no Rio Grande do Sul, uma vez que os animais não têm autorização para passar por Santa Catarina, que, por ser um estado com selo de livre da febre aftosa, não permite a circulação de animais sem a realização de quarentena”, comenta o secretario Inovei Afonso.

Além do leilão e do comércio, também haverá a premiação nacional e regional dos melhores rebanhos por meio de rankings.

  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Clrice Pedroso é uma das tratadoras de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Produção de ovinos em Itambezinho, distrito de Campo Largo
  • Centro Agropecuário de Ponta Grossa recebe a primeira Fenovinos Paraná
  • Centro Agropecuário de Ponta Grossa recebe a primeira Fenovinos Paraná
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  • Centro Agropecuário de Ponta Grossa recebe a primeira Fenovinos Paraná

Executivo de comunicação ‘entra na onda’ e investe na criação de ovinos

Marcio Villela é executivo de comunicação, mas enxergou na criação de ovinos uma boa oportunidade para multiplicar seus negócios. “Já tenho a propriedade [em Itambezinho, distrito de Campo Largo] há oito anos, com eucaliptos. Há quatro comecei com os ovinos porque é uma região acidentada, com pouco espaço, onde podemos fazer o confinamento em baias”, diz.

Villela é um exemplo de que não é preciso ser exatamente um especialista para começar a produção ovina – o que não quer dizer que a atividade não exija alguns cuidados. Ele levou à equipe da propriedade um zootecnista e conta com outros três para cuidar de 400 animais.

“Temos todo o controle tecnológico do desempenho de cada animal para ver se vão ser bons pais, boas mães. Conseguimos abater um cordeiro em até 135 dias, um número que seria muito difícil reproduzir no campo, na atividade extensiva”, garante Michel Basso, zootecnista da propriedade.

Entre os diferenciais das ‘propriedades modelo’ do Paraná, como a de Villela, estão justamente o controle apurado e até mesmo solários para que os animais não fiquem o tempo inteiro dentro das baias. “Utilizamos o solário para os animais caminharem e tomarem sol quando estamos fazendo a limpeza, por exemplo”, aponta Basso.

O maior objetivo de Villela está alinhado ao da Fenovinos: ampliar o número de fêmeas matrizes no estado para expandir o número de criações. Com isso, dois terços de sua produção têm esse foco e um terço para a carne. Assim, além de profissionalismo, a qualidade da carne aumenta.

“As carnes que consumimos, sobretudo do Uruguai, são de animais com mais idade. Quanto mais velho o animal, mais marmoreio e é por isso que dizem que a carne ovina é mais difícil de fazer. Mas o animal jovem que estamos produzindo tem carne bem melhor, com mais qualidade”, garante o presidente Sociedade Rural de Ponta Grossa, Edilson Gorte.

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