Adapar reuniu líderes de entidades representantes da indústria exportadora de carne bovina, suína e de frango do Brasil| Foto:
Inácio Kroetz (Adapar):
Péricles Salazar (Sindicarne e Abrafrigo): “É preciso fazer a lição de casa. O Mapa precisa se organizar e eleger um interlocutor técnico com Moscou. Os relatórios oficiais não estão funcionando.”
Inácio Kroetz (Adapar):"O Paraná precisa qualificar o produto para todo mercado que pode agregar valor à carne." 
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A poucas semanas de uma missão sanitária russa chegar ao Brasil para avaliar o sistema de produção de carnes no país, o Paraná se articula para enviar à Brasília uma lista de frigoríficos instalados no estado e que teriam condições de exportar carne ao país europeu. A Rússia é considerado o melhor cliente externo da pecuária brasileira, mas, desde 2005, vem impondo embargos generalizados aos exportadores, alegando problemas sanitários diversos e que são contestados pela indústria nacional.

Ontem, representantes da cadeia produtiva do frango, suínos e bovinos estiveram em Curitiba a convite da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) para afinar o discurso com o governo do estado. O consenso é que maior parte das unidades paranaenses atende, sim, aos requisitos exigidos por Moscou. No entanto, somente dois abatedouros de aves – C.Vale, de Palotina, e Lar, de Medianeira -- estão habilitados a fornecer produtos para os russos.

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Com a ajuda das entidades, o estado prepara uma lista extraoficial, que pretende ser adotada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e apresentada à comitiva estrangeira em novembro. “Assim o Mapa poderá verificar com os serviços de inspeção federal se as empresas estão cumprindo ou em condições de cumprir as exigências sanitárias, para voltamos a exportar para esse mercado”, explica o presidente da Adapar, Inácio Kroetz.

Péricles Salazar (Sindicarne e Abrafrigo): “É preciso fazer a lição de casa. O Mapa precisa se organizar e eleger um interlocutor técnico com Moscou. Os relatórios oficiais não estão funcionando.” 

A iniciativa paranaense é exemplar e corajosa, destaca o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef) e ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra. Ele ressalta ainda que é preciso buscar novas alternativas em paralelo. "A Rússia já representou 10% das exportações de aves do Brasil, hoje representa 2%. Esses outros 8% foram distribuídos para outros mercado", disse.

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carnes Suína (Abipecs), a estratégia do Paraná é importante, "mas, quando se trata de mercado russo, corremos o risco de perder tudo o que for discutido como estratégia", disse. Segundo ele, a Rússia é o mercado mais difícil para se trabalhar técnicamente, porque importa informações de diferentes fontes e acaba impondo barreiras que são incompreendidas. "Na última missão que veio ao Brasil, foram estabelecidos 19 itens técnicos a serem cumpridos, mas pelo menos 15 eu descartaria."

A retomada do cliente faz parte de um plano do Paraná para melhorar a imagem do estado no exterior e assim conseguir atrair novos importadores. “A Rússia é muito importante para ser deixada de lado. Precisamos acessar esses e outros mercados, que são mais exigentes, mas também remuneram melhor”, argumenta o presidente da Adapar.

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A carne bovina é a única que ainda se beneficia do consumo russo, por falta de fornecedores. De janeiro a setembro deste ano, o Brasil vendeu quase US$ 1 bilhão para o país, 7% mais do que em igual período do ano passado.