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Perus da BRF terão que viajar 600 km para serem abatidos

Milhares de perus que estavam prontos para seguirem para o abate tiveram que permanecer nos criadouros. | Divulgação
Milhares de perus que estavam prontos para seguirem para o abate tiveram que permanecer nos criadouros. (Foto: Divulgação)

O acúmulo de milhares de aves que abarrotam as granjas de Mineiros, em Goiás, levou a BRF, dona do frigorífico da Perdigão no município, a buscar uma alternativa para fazer o abate dos animais. A ideia é desviar o processamento de milhares de perus para a unidade da empresa localizada em Uberlândia (MG). O transporte será feito por caminhões, por mais 600 quilômetros de estrada, e deve ter início na próxima segunda-feira (27). A ideia, no entanto, precisa de um sinal verde do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A decisão ocorre após a divulgação da situação alarmante em que se encontram as 219 granjas do município, responsáveis por 100% dos perus e frangos que são abatidos pela empresa. A rota alternativa foi comunicada pela companhia à Associação dos Avicultores Integrados da Perdigão em Mineiros (Avip).

Desde o fechamento do complexo frigorífico de Mineiros, alvo da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, deflagrada há uma semana, milhares de perus que estavam prontos para seguirem para o abate no município tiveram que permanecer nos criadouros. A decisão foi determinada pelo Ministério de Agricultura, depois de a unidade da BRF Perdigão ser alvo de investigações que apuram o pagamento de propina para agentes de vigilância sanitária, com o propósito de afrouxar a fiscalização e liberar a operação do frigorífico.

Diariamente, a unidade de Mineiros abate 25 mil perus. Em uma semana de paralisação, portanto, 175 mil aves que deveriam ter deixado as fazendas e seguido para o frigorífico continuaram em cativeiro. E esse volume cresce a cada dia que passa.

Ao problema do acumulo nas granjas soma-se o ganho de peso das aves. O limite do peso de cada animal estabelecido pela unidade da BRF, segundo os produtores, é de até 25 quilos. Em média, os animais conhecidos como “peru pesado” estão com cerca de 20 quilos no momento do abate. Ao permanecerem nos criadouros, os perus seguem comendo e, se ultrapassarem 25 quilos, não poderão mais entrar na linha de produção da empresa devido à configuração técnica da fábrica. Nas granjas, por conta do espaço, os animais passam a ficar mais estressados e há aumento de mortandade. Além disso, o porte das aves passa a não atender às exigências de compradores internacionais.

Segundo Fábio Leme, vice-presidente da Avip, a BRF informou aos produtores que já começou a adaptar sua unidade de Uberlândia para passar a receber os perus a partir de segunda-feira. No caso dos frangos, o caso é menos grave, porque já havia uma unidade da BRF vizinha a Mineiros, no município de Jataí, preparada para o abate das aves menores.

Há um total de 4,3 milhões de perus em alguma fase de sua vida de seis meses, entre o nascimento e o abate. Praticamente 100% dessa criação tem como destino o Exterior, principalmente países europeus. O abate das aves em Uberlândia pode aliviar a situação das granjas abarrotadas, mas não dá um destino para os animais, já que as exportações praticamente travaram. “Neste momento, não estamos nem pensando em lucro, o que precisamos é resolver uma situação alarmante”, diz Leme.

Nesta semana, dois técnicos do Ministério da Agricultura estiveram na unidade de Mineiros e colheram amostras carne e documentos. Não foi possível averiguar o processo de abate, embalagem e armazenamento, já que tudo está parado.

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