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Bovinos

Rússia dá esperança, mas reforça exigências

Kroetz, da Adapar, e Ortigara, da Seab:  medidas serão cobradas do governo federal | Jonathan Campos/ Gazeta Do Povo; Arnaldo Alves/anpr
Kroetz, da Adapar, e Ortigara, da Seab: medidas serão cobradas do governo federal (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta Do Povo; Arnaldo Alves/anpr)

A comitiva do Paraná que passou a última semana na Rússia apurou que Moscou renovou interesse em ampliar as importações de carne brasileira – restritas há dois anos –, mas trouxe para casa uma lista de tarefas a cumprir até a vinda da missão russa ao Brasil, em novembro.

Ao mesmo tempo em que demonstram otimismo ante a retomada dos negócios, o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, e o presidente de Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz, concluíram que os questionamentos russos não vêm sendo respondidos pelo Brasil. Eles vão ampliar cobranças ante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que ainda não se pronunciou sobre as críticas e nem afastou o risco de novos embargos.

“A Rússia suspendeu as importações de todos os frigoríficos do Paraná há dois anos porque alega que não pode confiar nas inspeções federais, e não vem recebendo respostas claras e rápidas do Brasil”, disse Ortigara. “A liberação da ractopamina aumentou as restrições às carnes de bovinos e suínos e exigem que o Brasil rediscuta sua adoção”, apontou Kroetz.

O Paraná ainda não conseguiu recuperar o mercado externo para as carnes de bovino e suíno desde a crise da aftosa de 2005. Há dois anos, quando ampliava negociações, a Rússia suspendeu as importações do estado, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. No ano passado, o Paraná foi para o fim da fila entre os fornecedores da Rússia após confirmar que uma vaca morta em Sertanópolis (Norte), em 2010, tinha em seu organismo o agente causador da doença da vaca louca. Neste ano, a Rússia habilitou dois frigoríficos de aves do Paraná, mas ainda rejeita as carnes de suíno e bovino do estado.

O mercado russo é o principal destino das carnes brasileiras de boi e de suíno (apesar de ser insignificante para a avicultura). Comprou 3,4% e 28,3% dos volumes exportados de janeiro a agosto, respectivamente.

Além do promotor de crescimento ractopamina – proibido na União Europeia e na China, mas autorizado no Brasil e identificado em bovinos e suínos brasileiros –, a Rússia questiona a presença excessiva de cloro na carne de frango. O serviço federal de sanidade, o Rosselkhoznadzor, ameaça impor novas restrições ao Brasil.

Segundo Ortigara, a missão russa que chega ao Brasil em novembro espera receber uma lista de 20 frigoríficos que atendam às exigências sanitárias do país. “Vamos apontar as empresas do Paraná que estão em condições de exportar. Podemos ganhar peso nessa lista”, avalia.

Paraná tem quatro “providências urgentes” a tomar

Na volta de Moscou a Curitiba, a comitiva do Paraná definiu quatro “providências urgentes” para a reabertura do mercado russo. Todas dependem do governo federal.

A primeira é verificar como está funcionando o Serviço de Inspeção Federal. “Vamos reclamar e tentar contribuir para que a fiscalização ocorra de forma efetiva”, disse o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara.

A reabertura da discussão sobre o uso do promotor de crescimento ractopamina – que promete ganho de 10% em suínos com estímulo na formação de músculos – é a segunda providência. O governo do Paraná propõe a proibição da substância, apesar de as organizações internacionais de saúde não apontarem problemas para a saúde humana. Quando um suíno ou bovino come ração com ractopamina, a substância passa a ser identificada (em partes por bilhão) em todo o rebanho.

O Paraná tenta ainda garantir a inclusão de indústrias locais na lista que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) deve apresentar às autoridades russas em novembro. Essa lista depende de uma bateria de avaliações e adaptações nas plantas.

A quarta providência diz respeito às inspeções federais no terminal portuário Ponta do Félix, em Antonina. A meta é garantir que o serviço volte a ser respeitado pelas autoridades russas.

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